domingo, 5 de maio de 2013

Não se consulta mais as bases, mas sim os adversários


Carlos Alberto,  
 
No Minuto.com
 
A política do Rio Grande do Norte é pródiga em inovar. Nos anos 1960 Aluizio Alves – já falecido – inventou as passeatas. Depois, nos anos 1970, sugiram os chamados acordões com a chamada “paz pública” e agora, ao que parece, está surgindo a “consulta aos adversários”. Primeiro foi o vice-governador Robinson Faria (PSD), rompido com o governo e candidato declarado à sucessão da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), que consultou, segundo ele, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), e a vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria (PSB), para saber se eles são candidatos ou não ao governo em 2014. Segundo Faria, obteve deles a resposta que não.

Ontem, foi a vez de Wilma de Faria ir até ao apartamento do deputado Henrique Alves, em Natal, fazer uma sondagem e segundo ela, o próprio Henrique lhe teria garantido que não é candidato a governador e que “pode até pensar em reeleição”. Da mesma forma, Wilma teria dito à Henrique que não tenciona sair candidata novamente a governadora, mas que não pode evitar o desejo das pessoas. Em entrevista à jornalista Thaísa Galvão, publicada em seublog,Wilma de Faria disse:

- Eu quero uma candidatura que não me dê problemas. Nem com aliados e nem financeiramente. Eu não tenho os recursos que muitos outros tem.

Esta semana Wilma deverá também consultar o PT. Ou melhor, a deputada Fátima Bezerra, provável candidata ao Senado.

Pois muito bem: quem falta consultar quem agora? Talvez a governadora Rosalba Ciarlini, que naturalmente seria ou será candidata a reeleição. Certamente já consultou os seus botões e mais provavelmente Henrique Eduardo Alves, seu maior aliado hoje, mais até que o próprio senador José Agripino Maia, presidente nacional do DEM. Se houve essa consulta, que já deve ter havido, até pelo comportamento dos dois – Rosalba e Henrique – não vazou. A consulta, que virou moda, está guardada a sete chaves.

Fato é que de consulta em consulta chega-se a conclusão de que todos, exceto Robinson Faria, que joga aberto neste quesito, estão com medo de avançar a pedra no tabuleiro político. Um ensaio aqui outro acola, um discurso aqui outro acolá, uma alfinetada aqui outra acolá, mas sempre com o pé atrás. O que se observa claramente é que no caso de Wilma de Faria e Henrique Alves, ambos não querem se enfrentar e torcem, provavelmente, para que o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, não saia candidato à Presidência da República.

Wilma foi clara na entrevista à Thaísa Galvão quando disse que quer uma candidatura que não lhe cause problemas. E qual seria esta candidatura, caro leitor? A de deputada federal. E por que?
Porque se Eduardo Campos não for candidato a presidente, um acordão estaria em formação no Rio Grande do Norte e todos seriam felizes para sempre: Henrique candidato a governador, a deputada federal Fátima Bezerra (PT) candidata ao Senado e Wilma de Faria candidata a um cargo que não lhe causaria problemas, a de deputada federal.

Rosalba neste caso, já que tenciona apoiar a reeleição da presidenta Dilma Ruosseff (PT), terminaria o governo presidindo o pleito. E Robinson? Restaria novamente uma candidatura à Assembleia Legislativa com o apoio do grupo formador das consultas  à reeleição do seu filho, deputado federal Fábio Faria (PSD).

Portanto, esqueçam as bases. As consultas agora são aos adversários! A conferir!

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