Não é hora de espantar o gado. O destino da boiada ainda está longe. Ainda estamos a mais de um ano e meio da eleição estadual. Ao negar que definiu-se por Iberê Ferreira de Souza na sua própria sucessão, a governadora Wilma de Faria tenta segurar aliados importantes como João Maia, Robinson Faria e, agora, Carlos Eduardo Alves.
Pelo menos até meados do próximo ano, bem antes das convenções partidárias, quando Wilma espera convencê-los de que o melhor para eles é ficar ao lado dela, na base de Lula, contra os "Demos" José Agripino Maia e Rosalba Ciarlini. Desafio difícil, complicado.
Do que adianta anunciar agora o apoio a Iberê e ficar sozinha com o vice-governador no palanque, arriscando a eleição dos dois? Wilma não é menina. E sabe que corre esse risco.
A tendência do wilmismo pró-Iberê é notada hoje dentro e fora do governo. Isso é fato. Não há como negar a candidatura natural do vice-governador, atesta gente ligada a Wilma de Faria. Ainda mais um político filiado ao PSB.
A governadora não tem muita margem de manobra. Ela está refém do projeto político do vice-governador, aliado importante na sua reeleição em 2006 e sucessor da caneta governamental a partir de abril do próximo ano. Como ficar contra o cara que vai sentar na cadeira que hoje é dela? Como ela poderá disputar o Senado, enfrentando Agripino e Garibaldi Filho, sem contar com o apoio de um aliado no governo?
São perguntas que já temos a resposta: o candidato de Wilma ao governo será Iberê Ferreira de Souza.
A governadora só tem uma chance de mudar esse quadro: se o desempenho de Iberê Ferreira nas pesquisas de opinião for um desastre no início da peleja eleitoral. Hoje, segundo gente que acompanha os números, o vice oscila entre dois e quatro por cento das preferências, a depender do gosto e do gasto das pesquisas encomendadas.
A opção de Wilma por Iberê Ferreira de Souza pode resultar em perdas eleitorais irreparáveis. João Maia e Robinson Faria têm demonstrado sintonia e mantêm diálogo aberto tanto com a governadora como também com as demais lideranças políticas, entre elas, José Agripino e Garibaldi Filho.
Carlos Eduardo Alves bandeou-se para o PDT, mas ainda diz que está próximo de Wilma.
Essa gente pode jogar com Wilma, mas está esperando apenas um estalar de dedos para negociar com o outro lado ou estabelecer uma nova correlação de forças políticas na eleição estadual.
E o estalar de dedos pode ser o esperado anúncio de Wilma em favor de Iberê. É aí que mora o perigo. Wilma poderá assistir o estouro da boiada: João corre para um lado, Robinson pra outro, Carlos Eduardo também.
O PMDB de Henrique Eduardo Alves pode desempenhar um papel importante no jogo político da governadora Wilma de Faria sob o argumento de união da base de Lula no Rio Grande do Norte.
Esse troço não funcionou muito na eleição de Natal, mas pode causar algum efeito político no próximo ano. Por enquanto, o melhor para Wilma é tanger o gado com cuidado.
E seguir disfarçando que não definiu o apoio a Iberê.
Blog do Diógenes
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