Lula espera avanços na reunião do G-8 em relação à crise internacional
Apresentador: Olá, você em todo o Brasil, eu sou o Luciano Seixas e começamos agora o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Olá presidente, como vai, tudo bem?
Presidente: Tudo bem, Luciano.
Apresentador: Presidente, nós estamos aqui nos estúdios da EBC Serviços, em Brasília, e o senhor está em Paris, na França, onde concede entrevista a veículos da imprensa internacional. À noite, em jantar com o primeiro-ministro de Portugal, vai receber um prêmio da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), Prêmio da Paz, entregue à pessoas ou instituições que tenham feito alguma contribuição significativa para promoção, garantia ou manutenção da paz. E amanhã vai para a Itália. O que o senhor pode ressaltar desses seus encontros internacionais, presidente?
Presidente: Olha, eu penso que de todas as coisas que eu vou fazer Luciano, a mais importante é a reunião do G-8 a partir do dia 8, na Itália. Porque é a primeira reunião do G-8 realizada no momento da crise econômica financeira que abalou o mundo e que ainda está abalando o mundo e eu espero que haja um avanço, por quê? Porque na verdade o grande fórum de discussões das questões econômicas deveria ser o G-20, que vamos ter a próxima reunião por ocasião da Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro. Agora, obviamente que estando reunido os países mais ricos do mundo com os cinco países, sabe, Rússia, China, Índia, Brasil e México, ou seja, esse tema obviamente que será discutido, porque os efeitos da crise econômica são graves e muito mais graves nos países mais pobres, sobretudo os países africanos, os países da América Central, do Caribe. E eu estou vendo pouca coisa acontecer por parte dos países ricos, na ajuda que deveriam dar. Nós precisamos cobrar as coisas que nós decidimos que o FMI iria fazer, que o Banco Mundial iria fazer, e acho que essa reunião é extremamente importante. E nós, obviamente, que vamos querer discutir a questão da segurança alimentar com muito mais ênfase porque segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação) nós temos mais de um bilhão de seres humanos passando fome hoje e numa reunião em que está presente os presidentes dos países mais importantes, nós não podemos deixar de discutir esse assunto até porque o Brasil tem lição para dar. O Brasil tem experiência. Porque nós, ainda em julho do ano passado, antes da crise, nós criamos um programa chamado Mais Alimentos, financiamos tratores, máquinas agrícolas, aumentamos a compra de alimento por parte do governo federal e o sucesso do programa é extraordinário hoje e poderia servir de exemplo para que os países ricos ajudassem os países mais pobres a terem uma cópia desse programa, ou algo similar a esse programa. Portanto, esse é um assunto extremamente importante e nós estamos preparados para discutir. Nós temos vários países que tem acordo com o Brasil, a França, sobretudo, pensa muito parecido com o Brasil. Nós vamos ter a mesma posição, certamente, com o primeiro-ministro Gordon Brown com a China, com a Índia, com a Rússia, com a África do Sul, com o México, portanto nós vamos chegar numa posição confortável de discutir, em condições de igualdade, com os países chamados países ricos do mundo. Agora, a verdade é que a situação está tão complicada que hoje é muito difícil os países ricos tomarem posição que não leve em conta os chamados BRICs, o chamados países emergentes, dos quais faz parte o Brasil.
Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente, o programa de rádio do Presidente Lula. Agora mudando um pouco de assunto, o senhor sancionou semana passada a lei que anistia estrangeiros em situação irregular no Brasil. O que que representa essa ação?
Presidente: Luciano, essa ação é mais uma lição que a gente vai dar ao chamado mundo desenvolvido, porque enquanto eles estão perseguindo os imigrantes, enquanto eles estão tentando passar para a sociedade de que parte do desemprego quem sofre em primeiro lugar é o imigrante, no Brasil nós assinamos uma lei dando um reconhecimento aos imigrantes brasileiros. Ou seja, portanto nós vamos dar os mesmos direitos que nós damos aos nossos compatriotas no Brasil, com exceção daqueles direitos que são exclusivos dos brasileiros. Entre esses direitos, nós vamos garantir, primeiro, a liberdade de circulação no território nacional, o pleno acesso ao trabalho remunerado, à educação, à saúde pública e à justiça. Ou seja, na verdade o que nós fizemos foi dizer para os imigrantes, vocês são nossos irmãos, vocês estão aqui para ajudar o Brasil a crescer, até porque o Brasil é um país que foi construído por imigrantes, ou seja, essa mistura de portugueses, índios, europeus, africanos, é que deu ao Brasil essa coisa maravilhosa que é o Brasil.
Apresentador: Presidente, como é que vai funcionar isso na prática?
Presidente: Luciano, primeiro serão atendidos todos os estrangeiros que ingressaram no Brasil até o dia 1º de fevereiro deste ano e que estejam em situação imigratória irregular, aí sim eles poderão requerer residência provisória por dois anos num primeiro momento. Também lançamos, semana passada, um documento chamado certidão negativa de naturalização. É uma nova ferramenta que vai permitir, via internet, a expedição para a naturalização de um estrangeiro no país de forma rápida, segura e transparente. O que demorava um ano e meio, dois anos, então, agora vai ser feito em poucos dias numa demonstração do tratamento especial que o Brasil quer dar aos nossos irmãos que vieram de outros países para tentar a sorte no Brasil.
Apresentador: Muito obrigado presidente Lula e até a próxima semana.
Presidente: Obrigado à você, Luciano e até a próxima semana, onde estarei fazendo o Café com
presidente lá do Palácio da Alvorada, um abraço.
Apresentador: Um abraço. O Café com o Presidente volta na próxima segunda-feira. Até lá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário