segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Rosalba Ciarlini: "Não existem barreiras no meu partido"

Início de tarde da última quarta-feira, a senadora Rosalba Ciarlini deixava a agenda de compromissos nas comissões do Senado para acompanhar mais uma sessão ordinária da Casa.

Pautada para um pronunciamento de abordagem da crise financeira que atinge os municípios brasileiros, a senadora potiguar abriu espaço para conceder uma entrevista exclusiva ao jornal O Mossoroense.

Na antessala de espera do plenário, a senadora recebeu o jornalista Márcio Costa para a abordagem de assuntos diversos, com destaque para a eleição majoritária de 2010.

Em meio às colocações da senadora, destaque para a tendência de candidatura ao Governo do Estado e a visão de que o DEM não impedirá a consolidação do seu projeto político.

Leia a entrevista na íntegra:

MÁRCIO COSTA
Especial de Brasília

O MOSSOROENSE - A senhora tem um perfil político executivo, obtido a partir da experiência de três mandatos como prefeita de Mossoró, mas há três anos iniciou uma nova experiência com um mandato no Senado. A partir deste paralelo, Rosalba é mais executiva ou legislativa?

ROSALBA CIARLINI - Acho que na realidade eu tive mais tempo como executiva. Foi uma experiência que digo com toda a honestidade, valeu a pena. Vejo os prefeitos falarem que é um sacrifício, mas não é um sacrifício. É muito bom você trabalhar pela cidade, buscar o melhor para a vida do povo a partir de projetos. Não sei se é da minha própria formação, que não é uma formação política, até por que não tive uma formação política, mas sim uma formação humana, até mesmo pela minha profissão onde escolhi cuidar das pessoas. Acho que foi algo que valeu a pena. Foram três mandatos e acho que se tiver a oportunidade de trabalhar como executiva não me negarei de forma nenhuma a este desafio. O legislativo também é um trabalho muito importante. Aqui nós estamos discutindo as questões que tratam da proteção às pessoas. Dos programas que levam melhorias às vidas das pessoas, às leis. Todas as ações e programas que são muito importantes. Acho que tem sido uma experiência muito válida. Claro que todo dia aprendemos um pouquinho. Eu cheguei aqui há menos de três anos e convivo com senadores que já estão no terceiro, até no quarto mandato. Pessoas que têm uma experiência na vida pública muito grande, mas no dia-a-dia tento aprender com eles as boas coisas, para que a gente possa aprimorar cada vez mais a nossa ação em benefício do Brasil e principalmente do nosso Estado.

OM - A senhora conseguiu eleger a sua sucessora em Mossoró, mas na cidade a impressão que fica é de que não há uma participação direta no Executivo. Como a senhora vê a administração da sucessora Fafá Rosado.

RC - Cada cidade escolhe um prefeito ou prefeita e eles têm que conduzir as ações. Eu recebi do povo a responsabilidade, a missão, de vir defender o meu Estado aqui no Senado, como a primeira mulher senadora do Rio Grande do Norte. Então, como eu poderia estar me envolvendo de forma tão direta, se tenho que estar aqui com esta responsabilidade, ajudando não somente Mossoró, mas aos municípios na defesa das emendas, na defesa dos projetos. Sempre o meu foco, acredito que todos já tenham visto nos meus pronunciamentos, reforçou que sou uma senadora do Brasil, mas que estou aqui por que o Rio Grande do Norte me trouxe para cá. Cada administração tem um momento de ser avaliada e esta avaliação quem melhor faz é o povo. E o povo fez quando reelegeu Fafá.

OM - O povo fez, reelegendo, mas qual seria a avaliação da senadora Rosalba Ciarlini com relação ao governo Fafá Rosado? Ela está fazendo um bom governo ou precisa modificar algo para garantir um governo de maior impacto sobre a cidade.

RC - Nós temos que ver a questão em nível nacional. Hoje mesmo (a entrevista foi gravada na quinta-feira) vou fazer um pronunciamento sobre uma solicitação feita pelo prefeito de Brejinho, informando que quinta e sexta-feira, 44 prefeituras do Agreste, Trairi, Litoral e Potengi vão fechar as portas, como que num grito de desespero pela atual situação em que se encontram os municípios. Este ano tem sido muito difícil para todos os municípios. É uma situação que realmente tem preocupado. Todos nós que somos representantes do povo, seja em nível federal, deputados ou senadores, temos ouvido em nossas caminhadas nas estradas do Rio Grande do Norte ou do Brasil. Os reclames são imensos com relação às quedas dos recursos e dificuldades. Isso gera imensas dificuldades e espero que sejam superadas o mais rápido possível. Sabemos que quem administra uma cidade só pode ter um pensamento: o de fazer sempre o melhor, e tenho certeza de que este é o pensamento da prefeita, claro tentando superar as dificuldades que estão existindo.

OM - A avaliação dos cinco anos de governo da prefeita é positiva?

RC - Eu já disse que nos quatro primeiros anos o povo a reelegeu. Os próximos quatro, só quando terminar.

OM - O nome da senhora tem aparecido em destaque nas pesquisas para a eleição de 2010. A senhora tem pretensão de sair candidata ao governo do Estado no próximo ano?

RC - Eu venho ouvindo do povo por onde caminho. Meu nome foi surgindo de forma natural em meio à população de Mossoró e de outros recantos, e vejo as pessoas me perguntando se serei candidata. Fiz uma avaliação e vejo o destaque com relação ao que fiz como prefeita e que poderei fazer pelo Rio Grande do Norte. Se a população está me convocando, não poderei fugir à luta.

OM - Rosalba Ciarlini saiu da Prefeitura de Mossoró e numa conquista histórica foi eleita como primeira potiguar a ocupar uma vaga no Senado. Atualmente as pesquisas mostram a senhora numa situação confortável rumo ao Governo do Estado. O que estaria levando a este fenômeno?

RC - Eu não digo que é um fenômeno, mas sim resultado de um trabalho. Foi o trabalho que realizei como prefeita, que saiu dos limites de Mossoró e me projetou para todo o Rio Grande do Norte. Eu fui votada em todas as regiões do meu Estado, incluindo a capital, consolidado a vitória que Mossoró já tinha me garantido. Isso, acho que foi resultado de um trabalho. Fiz uma campanha me apresentando ao Rio Grande do Norte pelo que eu tinha realizado. Pela minha história de vida. Pela vontade de poder dar minha contribuição no Senado com uma atuação junto ao povo. Acho que estou honrando este compromisso quando vou todos os fins de semana ao Estado. Vou às cidades, faço reuniões, escuto a população, trago as ideias para que possam ser transformadas em projetos. É exatamente da sabedoria popular que procuro transformar em projetos e ações que venham a beneficiar a população.

OM - A senhora está num contexto de potencial disputa eleitoral, que conta com a presença de outros pré-candidatos como o vice-governador Iberê Ferreira de Souza e os deputados Robinson Faria e João Maia. Como a senhora avalia o atual momento de formação do cenário para a eleição de 2010?

RC - É natural que surjam muitos candidatos. Cada qual vai colocar suas propostas, vão fazer as suas avaliações. Eu não tenho me preocupado com isso, porque na realidade se eu chegar a ser candidata, vou me preocupar é em discutir com o povo quais são as ações, programas e projeto que desejam que Rosalba governadora possa fazer pelo Rio Grande do Norte.

OM - O DEM nacional tem como projeto prioritário, reeleger o senador José Agripino, que tem declarado não existir nenhuma definição em torno da candidatura da senadora Rosalba Ciarlini para o governo. Como a senhora avalia este posicionamento? A senhora estaria disposta a abdicar do projeto para proteger a reeleição do senador José Agripino?

RC - Não existem barreiras no meu partido. Nenhuma. Nunca existiu em toda a minha vida política. Sempre recebi do senador José Agripino e dos que fazem o Democratas, antes PFL, do meu Estado, todo o apoio possível. O senador José Agripino naturalmente é candidato à reeleição e o meu nome, continuando desta forma, está sendo lançado de forma natural pela população. Só que o momento agora não é destas definições. A eleição é em 2010. As convenções vão acontecer em junho. A nossa preocupação agora é com este trabalho de realmente poder tentar melhorar os nossos programas, com as discussões, com os debates das comissões de assuntos sociais, a saúde. Levando propostas. Levando as ideias que vêm do povo. Então não existe nenhuma dificuldade com relação a candidatura. Tudo tem o momento certo. Tem o momento de falar, tem o momento de calar. Tem o momento de plantar, de semear e o de colher. E este momento vai chegar.

Nenhum comentário: