segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Programa Café com o Presidente

Para o presidente Lula reunião do G-20 representa passo decisivo para enfrentar a crise finananceira

Apresentador: Olá você em todo o Brasil, eu sou o Luciano Seixas e começa agora o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Olá presidente, como vai, tudo bem?


Presidente: Tudo bem, Luciano.


Apresentador: Presidente, qual é a sua avaliação sobre a reunião do G-20 [Grupo de Países em Desenvolvimento] realizada em Washington [EUA], no último sábado, para tomar medidas contra a crise financeira internacional que contou com a participação dos líderes das economia mais importantes do mundo?


Presidente: A minha avaliação, Luciano, é que a reunião foi muito importante porque é a primeira vez que vinte lideranças de países que representam mais de 85% do PIB [Produto Interno Bruto] mundial se reúnem para discutir uma crise econômica que começa no setor financeiro nos Estados Unidos, se espalha pela Europa e começa a chegar em vários outros países por causa do crédito. A reunião foi importante porque ela muda a lógica das decisões políticas, ou seja, já não é mais o G-8, agora o G-20 ganha um papel de destaque e isso foi unânime na boca de todos os líderes de que a correlação da política mundial hoje precisa ter a participação não apenas dos países mais ricos do mundo, mas dos países emergentes, dos países em vias de desenvolvimento que têm uma grande população. Eu acho que nós encontramos um caminho para evitar que aconteça novamente o que aconteceu com a crise financeira.


Apresentador: Quais são as principais medidas aprovadas nesta reunião do G-20, presidente?


Presidente: Olha, houve um consenso muito grande entre todos os líderes. Aliás, eu fiquei entusiasmado com a afinidade de posições e o compromisso de todos os governantes de tomarem medidas para que a gente resolva essa crise logo. A primeira é restabelecer a liquidez e restaurar a confiança no mercado financeiro, pois todos nós sabemos que sem crédito fica muito difícil a economia funcionar. E no Brasil, nós já adotamos medidas nesse sentido, ou seja, faz trinta dias que nós estamos adotando medidas para permitir a irrigação do sistema financeiro e garantir que se tenha crédito para que o consumo continue acontecendo, para que as empresas continuem produzindo, o comércio vendendo e o povo comprando. É isso que vai ativar a economia. A segunda coisa importante que nós tomamos foi a adoção de políticas anti-recessivas para evitar uma grande desaceleração do crescimento econômico mundial. Também para evitar uma queda abrupta e significativa do crescimento que já está acontecendo em alguns países europeus, na Alemanha, na Espanha, na França, ou seja, e nós não queremos que o desemprego chegue na América Latina, que chegue no Brasil, sobretudo porque a nossa economia está muito mais arrumada do que a economia deles. E o terceiro ponto importante, que é um dos principais pontos, é a regulação do sistema financeiro. Ou seja, nós não podemos permitir que o sistema financeiro possa continuar tratando a economia deslocado da economia real, do mundo do trabalho. Ou seja, funcionando como se fosse um cassino, se esquecendo de que o sistema financeiro tem que ajudar o setor produtivo, para que o setor produtivo gere os empregos necessários, para que o comércio cresça, para que o consumo cresça e para que a sociedade viva uma vida digna e decente. A lógica do sistema financeiro nos seus investimentos é contribuir para a produção de um produto que gera o emprego, que gera a riqueza. Do jeito que alguns países estavam permitindo que o sistema financeiro funcionasse, sem nenhum controle, aconteceu o que aconteceu. E eu penso que as medidas que nós tomamos por unanimidade, foram extremamente importantes para que a gente possa controlar o sistema financeiro e evitar que eles continuem a prática do cassino.


Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente, hoje fazendo uma avaliação sobre a reunião do G-20. Presidente, pode-se dizer, então, que a reunião do G-20 foi um passo decisivo para aumentar a representatividade dos fóruns internacionais.


Presidente: Foi um passo extremamente decisivo. Eu diria, o mais importante que eu conheci acho que nas últimas décadas. Ou seja, finalmente todos os países se colocaram de acordo de que nós precisamos tomar decisões coletivas para evitar que uma tomada de posição em um país possa prejudicar outro país. Daí porque a necessidade de nós trabalharmos coletivamente. E também assumimos o compromisso de até o final do ano fazermos o acordo da Rodada de Doha. Chamar os países que têm divergências, se colocar em torno de uma mesa e fazer esse acordo, porque o acordo é um sinal muito importante para todo mundo saber que os dirigentes políticas estão agindo com responsabilidade, estão preocupados e estão tomando as decisões. Essa reunião foi um marco na história do século 21. Estou convencido que nós fizemos uma coisa importante, eu saí de lá convencido que participei da reunião mais importante entre lideres de países de tantas que eu já fiz. E mais importante ainda, todos estavam convencidos de que nós precisamos trabalhar juntos daqui para frente. Na hora de tomar as grandes decisões o G-20 se transformou num fórum importante. Daí porque a minha crença de que nós estamos no caminho certo para debelar essa crise e para evitar outras crises.



Apresentador: Muito obrigado, presidente Lula, até a semana que vem.


Presidente: Obrigado a você Luciano e até a próxima semana.


Apresentado: O programa Café com o Presidente volta na próxima segunda-feira. Até lá.

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