Contos, crônicas, novelas... Para quem gosta de ler, mas nem sempre tem disponibilidade ou disposição para encarar textos longos, há enorme variedade de opções.
Por Solange Noronha
Livros grandes nem sempre são grandes livros e mesmo o mais voraz dos leitores às vezes se encontra sem ânimo para iniciar um volume com muitas páginas. Nessa hora, a melhor solução é recorrer a leituras rápidas — nem por isso menos importantes. Da mesma forma que, segundo o dito popular, os melhores perfumes encontram-se nos menores fracos, pequenos textos podem se revelar verdadeiras obras-primas.
O primeiro gênero a vir à lembrança é a crônica. Afinal, esta semana completaram-se 25 anos da morte de Carlinhos de Oliveira e chegou às livrarias uma nova edição dos “Cadernos de Literatura Brasileira”, inteiramente dedicada a Rubem Braga. Sem o peso de uma biografia, ela conta a vida do escritor por meio de fotos, depoimentos, frases e ensaios, todos independentes. É possível, por exemplo, ler um texto por noite sem o risco de perder o fio da meada — que inclui uma crônica do homenageado jamais publicada em livro. Em seu artigo, Sérgio Augusto cita o crítico Wilson Martins — “a crônica é a literatura do jornalismo, assim como a melancia é o melão dos pobres” — e reforça o repúdio aos que permanecem “indiferentes às evidências de que não existem gêneros menores, apenas autores menores”.
Tamanho não é documento
Georges Simenon
Ao longo dos séculos, vários autores já comprovaram outra máxima: a de que tamanho não é documento. Prefere ver o filme a enfrentar o romance “Moby Dick”, por considerá-lo um calhamaço? Procure outro Herman Melville, “Bartleby, o escriturário”, e dê tempo ao tempo. Torce o nariz para Albert Camus porque ele era filósofo? Experimente “O estrangeiro”, que tem apenas cento e poucas páginas e também foi parar nas telas, pelas mãos de outro mestre, o italiano Luchino Visconti.
Bartleby, o escriturário
Igualmente italiano, embora nascido em Cuba, Italo Calvino escreveu “Por que ler os clássicos” e tornou-se um clássico ele mesmo. Nem por isso é “difícil de ler”. Sua trilogia “Os nossos antepassados” é composta dos curtos e divertidos “O visconde partido ao meio”, “O cavaleiro inexistente” e “O barão nas árvores”, cada qual publicado separadamente. O primeiro é o menor deles e pode ser ótima largada para outros Calvinos — e não apenas os já citados. Quem gosta de ciências e/ou ficção científica vai se deliciar com “As cosmicômicas”, em que, para se ter uma ideia, uma prosaica reunião de parentes e vizinhos em torno de um tagliatelle é capaz de deflagrar o big-bang.
Aura, de Carlos Fuentes
Na linha do chamado realismo mágico, não devem ser esquecidos os contos de Julio Cortázar e Jorge Luis Borges, que escreveu algumas obras em parceria com Adolfo Bioy Casares. Este, por sua vez, assina “A invenção de Morel”, outra delícia de pouco mais de cem páginas, certamente conhecida por fãs de “Lost”. Algumas edições vêm com “brindes”: prefácio de Borges e posfácio de Otto Maria Carpeaux. Menor ainda, mas não menos atraente, é a novela “Aura”, de Carlos Fuentes — 72 páginas em edição de bolso, com letras bem grandes.
Bons e baratos
Veríssimo
Entre os nacionais, alguns escritores são pródigos em títulos perfeitos para quem está com pouco tempo para a leitura, como Dalton Trevisan — que tem livros de contos curtíssimos — Rubem Fonseca — autor também de romances e contista de mão cheia tenha a história o tamanho que tiver — e Luis Fernando Verissimo — este não apenas nas antologias de suas crônicas, como nas poucas investidas em tramas maiores, mas nem tão longas assim. É o caso de “O jardim do diabo”, “Borges e os orangotangos eternos” e “Os espiões”, todos policialescos e absolutamente envolventes em sua aparente despretensão. E o melhor de tudo é que eles podem ser encontrados com facilidade em livrarias, sites de vendas e sebos.
O jardim do diabo
Nestes, onde o bom fica ainda mais barato, um dos campeões nas prateleiras é o prolífico Georges Simenon, que hoje talvez fosse tachado de compulsivo ou workaholic. Só de histórias policiais protagonizadas pelo mundialmente famoso comissário Maigret, ele escreveu mais de uma centena. Os livrinhos finos, facilmente manuseáveis e degustáveis, são ótimos para uma noite fria e preguiçosa — e para pôr um ponto final numa lista interminável de sugestões.
Caro leitor,
Você é fã de algum dos livros ou autores citados?
Tem algum título de fácil leitura que gostaria de recomendar a quem está com pouco tempo disponível ou sem muita concentração?
Um comentário:
Caro blogueiro, sei das dificuldades em se conseguir incentivo financeiro para uma festa deste porte, mas não sei se o caro blogueiro viiu a sandice feita pelo proprietário de um parquinho colocado ao lado do bradesco, onde o mesmo pintou suas peças enconstadas na parede do mercado público fazendo a maior zorra, não dava para ver se as paredes do mercado eram brancas ou verdes, mas isto por apenas miseros R$v 200,00 de imposto pago por este parque, acho eu que serão gastos mais do que o valor pago pelo parque, sem contar o prejuiso causado aos comerciantes que trabalham naquele setor.
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