Portalegre sem solução?

Blog Voz da Serra

Lendo uma postagem da Equipe da Beka (link ao lado), sobre o problema dos cães soltos pelas ruas de Portalegre, acabei por constatar que Portalegre, infelizmente, passa por uma fase onde os problemas, por menores que sejam, não são resolvidos.

O problema dos cachorros é recorrente, assim como os da saúde, da limpeza pública, dos assuntos administrativos. Parece-me claramente que a atual gestão, que está prestes a completar 16 anos no poder, esgota-se em sí mesma, não sendo mais capaz de dar respostas significativas aos anseios da sociedade.

Analise calmamente a questão do transporte de estudantes para Pau dos Ferros. Veja que não é de hoje que quantidade significativa de estudantes se deslocam para cursarem cursos técnicos ou superiores. Há quase 20 anos a cidade dispunha até de um ônibus para transportá-los. Hoje não dispõe nem de uma carroça. Por que em 16 anos não se encontrou uma saída para isso? Até quando os estudantes ficarão sem solução definitiva? É preciso esperar mais duas décadas?

Veja o problema da saúde, que já fora objeto de nossas postagens, assim como de outros. Sabe-se que a cidade necessita de médicos plantonistas, não só para atender os locais, mas (por ser de especial interesse turístico) para atender nossos visitantes (que contribuem para geração de emprego e renda). De acordo com a administração municipal, o problema é a falta de leitos, sem eles não se pode contratar os plantonistas. Pergunto-me será concebível que em quase 16 anos de gestão não se encontrou uma saída para construir alguns leitos para que esse problema fosse sanado? Será preciso esperar mais duas décadas para se construir esses leitos? Enquanto isso a população local continuará sofrendo nos fins de semana, correndo para outras cidades em busca de atendimento médico?

Nas atividades administrativas da gestão mais problemas. Já são várias as denúncias do Ministério Público que versam sobre problemas em licitações e contratos com a administração portalegrense. Falta preparo, conhecimento e sensatez. O último caso, para concessão de uso de espaços públicos, está sendo objeto de investigação do MP, (dois editais, ambos equivocados). Em quase 16 anos não se aprendeu a realizar um certame de maneira prudente? Será necessário que se passe mais duas décadas? Se a gestão não dispõe, em seus quadros, de profissionais capacitados para tal tarefa, por que não contrata uma assessoria para cuidar do assunto? Não seria menos oneroso do que arcar com as despesas com advogados nas ações de improbidade administrativa movidas pelo Ministério Público?

O mesmo grupo, as mesmas pessoas administram essa cidade já faz bastante tempo. Não há mais o que inovar, não se consegue mais responder as reais necessidades do povo. A política assistencialista mostra-se decadente, fracassada, incapaz de impulsionar um crescimento significativo da cidade.

Conversando com um importante político local, que integra o grupo gestor, outra triste constatação: Portalegre gasta mais "remediando" do que "prevenindo". Gasta-se muito com o deslocamento de pacientes para outras cidades, quando uma estrutura mínima para atendimento na cidade já deveria ter sido construída.

A cidade produz muito pouco em termos de projetos. Na verdade pouco se sabe sobre o dia de amanhã. Não se pensa Portalegre para os próximos 10-20 anos e isso nos parece fundamental para qualquer cidade. Fala-se muito em questões políticas (situação, oposição), mas como explicar que Pau dos Ferros, mesmo com um prefeito que era oposição em nível estadual e federal, conseguiu tantos recursos estaduais e federais para mudar a cara da cidade?

Portalegre não arrecada. O famoso IPTU não é cobrado na cidade desde 2009 (salvo engano), qual a justificativa? Alguma razoável? Ou, simplesmente, dificuldade administrativa de arrecadar? Não que eu seja fã de impostos, mas é preciso que haja uma arrecadação mínima e que esses recursos sejam, efetivamente, investidos em melhorias da infraestrutura local. Será que serão cobrados todos de uma vez?

Portalegre está parada, sem criatividade, sem dinamismo, com uma gestão tecnicamente deficiente e despolitizada. Uma mudança significativa é necessária e urgente. Assim como em outras cidades (veja o caso de Natal) a participação dos jovens é fundamental nesse processo. Ao longo da história os jovens sempre foram os primeiros a demonstrar sua insatisfação com as injustiças, em Portalegre certamente serão protagonistas da mudança que a cidade tanto necessita.