Cafezinho com César Santos
Gilton Sampaio no “Cafezinho com César Santos” na redação do defato.com de Mossoró (Foto: Marcos Garcia)
“Vamos defender uma universidade acadêmica funcional.” Essa é a principal bandeira de luta do professor-doutor Gilton Sampaio de Souza, que pretende, mais uma vez, colocar o seu nome à disposição da academia no processo da sucessão na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
Gilton Sampaio no “Cafezinho com César Santos” na redação do defato.com de Mossoró (Foto: Marcos Garcia)
“Vamos defender uma universidade acadêmica funcional.” Essa é a principal bandeira de luta do professor-doutor Gilton Sampaio de Souza, que pretende, mais uma vez, colocar o seu nome à disposição da academia no processo da sucessão na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
As eleições devem ocorrer entre março e abril de 2013, mas a instituição já vive clima de disputa.
Sampaio é o primeiro a admitir de público que o seu nome está à
disposição, respaldado pelo grupo que o apoiou nas eleições passadas.
Com mais de 20 anos de Uern, Gilton Sampaio se diz pronto para ser
reitor, destacando a boa gestão que realiza à frente do Campus de Pau
dos Ferros.
Licenciado em Letras pela Uern em 1992, Mestre em Linguística Aplicada,
UFRN, em 1999, Doutor em Linguística e Letras pela Unesp em 2003 e
pós-doutorado em Estudos Comparados, Língua Portuguesa e Língua
Francesa, pela Université Paris 8 Vincennes-Saint-Denis, na França, em
2011, Gilton Sampaio está preparado para colocar a academia em debate e
levantar a luta por uma universidade autônoma e funcional.
No “Cafezinho com César Santos”, ele confirma a candidatura, faz uma
profunda avaliação da Uern e aponta os caminhos para o futuro da
instituição. Leia:
O SENHOR será candidato à sucessão do reitor Milton Marques?
O meu nome já está à disposição da academia. Veja bem: na última eleição, um grande grupo formado a partir do Campus de Pau dos Ferros, com participação de alunos, técnicos e docentes de toda a Uern, lançou o nosso nome com uma proposta inovadora para a universidade. Não obtivemos sucesso naquela época, mas voltamos a discutir o projeto recentemente. Há três meses, um grupo de professores nos provocou, mais ou menos como você está fazendo agora. Disse que era preciso conversar e o grupo sugeriu que fosse logo porque estamos bem próximos das eleições que ocorrerão entre março e abril de 2013. Daí, fomos discutir o processo e chegamos à conclusão que o nosso nome deveria ser posto. Então, quero afirmar que o nome está à disposição, sim, para candidatura à Reitoria.
A PARTIR da gestão do reitor Milton Marques, o quadro político da Uern sofreu profunda mudança. Parte da esquerda fez a travessia para o grupo do reitor, enquanto o segmento alinhado à direita se perdeu no tempo. Diante dessa nova realidade, a candidatura do sr. se situação em que vertente da política uerniana?
MEU nome não está vinculado a nenhum grupo político. Nem de esquerda, se entender esquerda como movimento sindical; nem de direita, se você entender como práticas convencionais que marcaram a Uern no passado. Meu nome surgiu do movimento estudantil, por isso, as pessoas fazem ligação com a esquerda. O certo, porém, é que nosso nome surgiu na gestão; eu diria na gestão alternativa. Nós temos um diálogo muito bom com o grupo de esquerda dentro da Aduern (Associação dos Docentes da Uern), mas isso não significa que o nosso nome saiu do sindicato. Nosso nome se fez quando fomos chefe do Departamento de Letras; implantamos o curso de Espanhol; coordenamos a comissão do Mestrado; trabalhamos na implantação dos novos cursos em Pau dos Ferros. Já temos mais de 20 anos dentro da nossa universidade. Então, o nosso nome surge pela experiência de gestão.
MAS o senhor não pode negar que tem uma abertura de diálogo com a esquerda e menos acesso ao segmento da direita?
DEPENDE do seu critério do que é esquerda e o que é direita. Por exemplo, temos um grande diálogo pela esquerda na perspectiva de compromisso com as políticas sociais, com a democratização, com a academia.
O SENHOR será candidato à sucessão do reitor Milton Marques?
O meu nome já está à disposição da academia. Veja bem: na última eleição, um grande grupo formado a partir do Campus de Pau dos Ferros, com participação de alunos, técnicos e docentes de toda a Uern, lançou o nosso nome com uma proposta inovadora para a universidade. Não obtivemos sucesso naquela época, mas voltamos a discutir o projeto recentemente. Há três meses, um grupo de professores nos provocou, mais ou menos como você está fazendo agora. Disse que era preciso conversar e o grupo sugeriu que fosse logo porque estamos bem próximos das eleições que ocorrerão entre março e abril de 2013. Daí, fomos discutir o processo e chegamos à conclusão que o nosso nome deveria ser posto. Então, quero afirmar que o nome está à disposição, sim, para candidatura à Reitoria.
A PARTIR da gestão do reitor Milton Marques, o quadro político da Uern sofreu profunda mudança. Parte da esquerda fez a travessia para o grupo do reitor, enquanto o segmento alinhado à direita se perdeu no tempo. Diante dessa nova realidade, a candidatura do sr. se situação em que vertente da política uerniana?
MEU nome não está vinculado a nenhum grupo político. Nem de esquerda, se entender esquerda como movimento sindical; nem de direita, se você entender como práticas convencionais que marcaram a Uern no passado. Meu nome surgiu do movimento estudantil, por isso, as pessoas fazem ligação com a esquerda. O certo, porém, é que nosso nome surgiu na gestão; eu diria na gestão alternativa. Nós temos um diálogo muito bom com o grupo de esquerda dentro da Aduern (Associação dos Docentes da Uern), mas isso não significa que o nosso nome saiu do sindicato. Nosso nome se fez quando fomos chefe do Departamento de Letras; implantamos o curso de Espanhol; coordenamos a comissão do Mestrado; trabalhamos na implantação dos novos cursos em Pau dos Ferros. Já temos mais de 20 anos dentro da nossa universidade. Então, o nosso nome surge pela experiência de gestão.
MAS o senhor não pode negar que tem uma abertura de diálogo com a esquerda e menos acesso ao segmento da direita?
DEPENDE do seu critério do que é esquerda e o que é direita. Por exemplo, temos um grande diálogo pela esquerda na perspectiva de compromisso com as políticas sociais, com a democratização, com a academia.
O senhor, então, coloca o seu nome para o debate exclusivamente
acadêmico, deixando de lado a partidarização do processo eleitoral?
É EXATAMENTE isso. Nós somos constituídos pela história, pelos nossos movimentos. Eu não me tornei uma pessoa que tento por tudo tirar o partido político da universidade por acaso. O Campus de Pau dos Ferros foi bombardeado numa época por partido político, porque ele vestia a cor de um partido. Quem não era daquele partido político seria punido. Isso foi uma experiência traumática para aquele campus. Daí, a gente decidiu não ser filiado a nenhum partido. Na época, eu era dos quadros do PMDB. Hoje, não temos filiação, não declaramos voto. Ninguém pode dizer que na gestão de Gilton Sampaio foi chamado para explicar porque não votou nesse ou naquele nome. Isso foi muito bom para o campus de Pau dos Ferros.
MAS a Universidade não pode deixar de dialogar com a classe política. Faz parte do fortalecimento da instituição. A política tem a sua importância, o sr. não acha?
O QUE eu disse foi que não aceitamos a partidarização dentro da universidade. A política como atividade importante para a Uern ela deve ser feita. Quero dizer que no Campus de Pau dos Ferros nós conversamos com todos os partidos. Na luta pela implantação do Campus da Ufersa, por exemplo, convocamos a todos e colocamos no mesmo espaço adversários políticos como o prefeito Leonardo Rêgo (DEM) e o ex-prefeito Nilton Figueiredo (PMDB). Eles certamente entenderam que Gilton é um gestor acadêmico. Entendendo que se o debate é acadêmico, nenhum agente político pode chegar com questões partidárias. A universidade está acima das questões dos partidos.
NÃO há como negar que a política partidária sempre teve interferência na vida da universidade. É histórico. O sr. entende que isso atrasou a instituição?
ATRASOU muito, não resta dúvida. Eu vou falar da história, não de nomes. Algumas pessoas que achavam que tinham muito apoio de um certo gestor, deixaram de mobilizar a academia para o seu bem, e depois nada foi feito porque mudou o comando. Se um reitor é muito amigo de um governador ou governadora e usa essa amizade para ampliar a instituição, construir unidade, usando apenas o seu poder de voto, no entanto, você perde o respaldo da comunidade acadêmica porque deixou de dialogar com ela para dialogar com o seu poder individual de voto. O poder individual de voto muda como muda em toda democracia. Então, a universidade não pode ficar a mercê da política partidária. Aí, no momento em que o reitor deixa de ter o amigo no poder, ele se torna frágil e leva junto a instituição. Nós temos visto isso na história da nossa Uern. É como se César Santos, candidato a governador, teve o meu apoio, pedi votos e ele perdeu; aí conquistei a ira do adversário. A universidade, por consequência, vai ter a ira do governante sem culpa de nada. A culpa é do gestor que não foi correto com a universidade pública. Por isso, a minha posição de não assumir partidos políticos.
ESSA sua colocação tem referência ao atual reitor, Milton Marques, que nas eleições 2010 coordenou em Mossoró a campanha do candidato derrotado Iberê Ferreira de Souza?
TAMBÉM. Mas esse comportamento não é de agora. Outros reitores fizeram o mesmo. Não estou julgando e usando da maldade. Estou falando sobre uma forma de fazer política que não cabe dentro da universidade. Penso assim. E digo mais: se eu tiver de ganhar uma eleição para levantar a bandeira do governo ou contra o governo, prefiro não ser candidato. A bandeira que eu tenho que levantar, e vou fazer isso, é a bandeira da universidade pública gratuita e de qualidade. É da universidade séria, que a gente acredita.
A
É EXATAMENTE isso. Nós somos constituídos pela história, pelos nossos movimentos. Eu não me tornei uma pessoa que tento por tudo tirar o partido político da universidade por acaso. O Campus de Pau dos Ferros foi bombardeado numa época por partido político, porque ele vestia a cor de um partido. Quem não era daquele partido político seria punido. Isso foi uma experiência traumática para aquele campus. Daí, a gente decidiu não ser filiado a nenhum partido. Na época, eu era dos quadros do PMDB. Hoje, não temos filiação, não declaramos voto. Ninguém pode dizer que na gestão de Gilton Sampaio foi chamado para explicar porque não votou nesse ou naquele nome. Isso foi muito bom para o campus de Pau dos Ferros.
MAS a Universidade não pode deixar de dialogar com a classe política. Faz parte do fortalecimento da instituição. A política tem a sua importância, o sr. não acha?
O QUE eu disse foi que não aceitamos a partidarização dentro da universidade. A política como atividade importante para a Uern ela deve ser feita. Quero dizer que no Campus de Pau dos Ferros nós conversamos com todos os partidos. Na luta pela implantação do Campus da Ufersa, por exemplo, convocamos a todos e colocamos no mesmo espaço adversários políticos como o prefeito Leonardo Rêgo (DEM) e o ex-prefeito Nilton Figueiredo (PMDB). Eles certamente entenderam que Gilton é um gestor acadêmico. Entendendo que se o debate é acadêmico, nenhum agente político pode chegar com questões partidárias. A universidade está acima das questões dos partidos.
NÃO há como negar que a política partidária sempre teve interferência na vida da universidade. É histórico. O sr. entende que isso atrasou a instituição?
ATRASOU muito, não resta dúvida. Eu vou falar da história, não de nomes. Algumas pessoas que achavam que tinham muito apoio de um certo gestor, deixaram de mobilizar a academia para o seu bem, e depois nada foi feito porque mudou o comando. Se um reitor é muito amigo de um governador ou governadora e usa essa amizade para ampliar a instituição, construir unidade, usando apenas o seu poder de voto, no entanto, você perde o respaldo da comunidade acadêmica porque deixou de dialogar com ela para dialogar com o seu poder individual de voto. O poder individual de voto muda como muda em toda democracia. Então, a universidade não pode ficar a mercê da política partidária. Aí, no momento em que o reitor deixa de ter o amigo no poder, ele se torna frágil e leva junto a instituição. Nós temos visto isso na história da nossa Uern. É como se César Santos, candidato a governador, teve o meu apoio, pedi votos e ele perdeu; aí conquistei a ira do adversário. A universidade, por consequência, vai ter a ira do governante sem culpa de nada. A culpa é do gestor que não foi correto com a universidade pública. Por isso, a minha posição de não assumir partidos políticos.
ESSA sua colocação tem referência ao atual reitor, Milton Marques, que nas eleições 2010 coordenou em Mossoró a campanha do candidato derrotado Iberê Ferreira de Souza?
TAMBÉM. Mas esse comportamento não é de agora. Outros reitores fizeram o mesmo. Não estou julgando e usando da maldade. Estou falando sobre uma forma de fazer política que não cabe dentro da universidade. Penso assim. E digo mais: se eu tiver de ganhar uma eleição para levantar a bandeira do governo ou contra o governo, prefiro não ser candidato. A bandeira que eu tenho que levantar, e vou fazer isso, é a bandeira da universidade pública gratuita e de qualidade. É da universidade séria, que a gente acredita.
A
SUA candidatura vai centralizar o debate das eleições em quais pontos?
PRIMEIRO, vamos defender uma universidade acadêmica funcional, bem diferente do que é hoje. A nossa Uern é uma instituição extremamente burocrática, que até aqui não conseguiu construir a bandeira de academia. Vamos mudar isso. Queremos que o eixo ensino-pesquisa-extensão possa ser concebido pelas políticas públicas. Nesse sentido, iremos propor a união de todos, independentemente da cor partidária, para a construção da nova universidade. Observe que a Uern é a única instituição de ensino superior que está em todo o Rio Grande do Norte. Vamos convocar todos os campi, unidades, os prefeitos dos municípios-sede e a sociedade em geral para, juntos, lutarmos pela instituição. A partir daí, nós teríamos mais recursos públicos, valorização e respeito. Agora, precisamos fazer isso de dentro para fora, porque quem tem que pautar a política é a universidade; não o partido pautando a universidade. Essa ingerência nós não podemos e não vamos permitir.
A AUTONOMIA financeira da Uern será uma de suas bandeiras de luta?
A AUTONOMIA financeira é decisiva para o futuro da nossa universidade. Tem importância decisiva. É uma bandeira que vamos levantar. Algumas pessoas costumam dizer que a autonomia financeira tem problema. Tem. Você acredita que alguma coisa do mundo onde existe gestão pública não tenha problema? O problema é de gestão. As três universidades de São Paulo que têm autonomia financeira (Unicamp, USP e Unesp) enfrentam problemas, mas são problemas diferentes, que não foram causados pela autonomia. O importante, e isso deve ser dito, é que com a autonomia financeira a universidade pode ser planejada, o que é impossível atualmente. Hoje, por exemplo, você pensa um orçamento em 10 reais. Quando vão votar o orçamento na Assembleia Legislativa cortam 4 reais, ficam 6 reais; o governo contingencia 2 reais por necessidade, resta apenas 4 reais, e aí por demanda o governo libera apenas 2 reais porque não teve como soltar o resto; daí como você planejar? Com a autonomia é diferente; você não vai planejar os 10 reais porque sabe que esse dinheiro não será liberado. Você planeja dentro da realidade, 3 ou 4 reais, porque sabe que esses recursos chegarão. Não digo que a autonomia é a salvação da Uern, porque não teremos o dinheiro do mundo todo, mas posso afirmar que vai garantir a estabilidade financeira da instituição. Isso representará um salto qualitativo, por isso, é uma das bandeiras da nossa campanha.
TODO centavo de real aplicado em educação é justificável, mas se questiona se a Uern corresponde ao grande volume de recursos públicos que são comprometidos mensalmente. O cidadão contribuinte, que banca a conta, tem o devido retorno?
TEM sim. Agora, o retorno poderia ser maior. Os problemas da nossa universidade não são apenas financeiros. São, principalmente, de gestão, de administração. A Uern é arcaica na forma que gerencia os seus recursos internos. Os diretores de faculdades não têm nenhum recurso para usar. Se quebrar um sanitário do banheiro da faculdade, o diretor não terá como consertar porque não tem dinheiro. Se você observar que na rede de ensino público os diretores têm o caixa escolar para resolver os pequenos problemas e comprar a merenda escolar, vai observar que a nossa universidade está atrasada. No nosso campus de Pau dos Ferros, às vezes os alunos fazem cota para resolver algum problema que surge em sua estrutura. Não temos dinheiro. Tudo depende do campus central em Mossoró. Veja como a coisa é absurda: a Uern não tem autonomia financeira e dentro da Uern as unidades também não têm. Então, é preciso desburocratizar a unidade e isso só será possível com a autonomia da instituição.
PRIMEIRO, vamos defender uma universidade acadêmica funcional, bem diferente do que é hoje. A nossa Uern é uma instituição extremamente burocrática, que até aqui não conseguiu construir a bandeira de academia. Vamos mudar isso. Queremos que o eixo ensino-pesquisa-extensão possa ser concebido pelas políticas públicas. Nesse sentido, iremos propor a união de todos, independentemente da cor partidária, para a construção da nova universidade. Observe que a Uern é a única instituição de ensino superior que está em todo o Rio Grande do Norte. Vamos convocar todos os campi, unidades, os prefeitos dos municípios-sede e a sociedade em geral para, juntos, lutarmos pela instituição. A partir daí, nós teríamos mais recursos públicos, valorização e respeito. Agora, precisamos fazer isso de dentro para fora, porque quem tem que pautar a política é a universidade; não o partido pautando a universidade. Essa ingerência nós não podemos e não vamos permitir.
A AUTONOMIA financeira da Uern será uma de suas bandeiras de luta?
A AUTONOMIA financeira é decisiva para o futuro da nossa universidade. Tem importância decisiva. É uma bandeira que vamos levantar. Algumas pessoas costumam dizer que a autonomia financeira tem problema. Tem. Você acredita que alguma coisa do mundo onde existe gestão pública não tenha problema? O problema é de gestão. As três universidades de São Paulo que têm autonomia financeira (Unicamp, USP e Unesp) enfrentam problemas, mas são problemas diferentes, que não foram causados pela autonomia. O importante, e isso deve ser dito, é que com a autonomia financeira a universidade pode ser planejada, o que é impossível atualmente. Hoje, por exemplo, você pensa um orçamento em 10 reais. Quando vão votar o orçamento na Assembleia Legislativa cortam 4 reais, ficam 6 reais; o governo contingencia 2 reais por necessidade, resta apenas 4 reais, e aí por demanda o governo libera apenas 2 reais porque não teve como soltar o resto; daí como você planejar? Com a autonomia é diferente; você não vai planejar os 10 reais porque sabe que esse dinheiro não será liberado. Você planeja dentro da realidade, 3 ou 4 reais, porque sabe que esses recursos chegarão. Não digo que a autonomia é a salvação da Uern, porque não teremos o dinheiro do mundo todo, mas posso afirmar que vai garantir a estabilidade financeira da instituição. Isso representará um salto qualitativo, por isso, é uma das bandeiras da nossa campanha.
TODO centavo de real aplicado em educação é justificável, mas se questiona se a Uern corresponde ao grande volume de recursos públicos que são comprometidos mensalmente. O cidadão contribuinte, que banca a conta, tem o devido retorno?
TEM sim. Agora, o retorno poderia ser maior. Os problemas da nossa universidade não são apenas financeiros. São, principalmente, de gestão, de administração. A Uern é arcaica na forma que gerencia os seus recursos internos. Os diretores de faculdades não têm nenhum recurso para usar. Se quebrar um sanitário do banheiro da faculdade, o diretor não terá como consertar porque não tem dinheiro. Se você observar que na rede de ensino público os diretores têm o caixa escolar para resolver os pequenos problemas e comprar a merenda escolar, vai observar que a nossa universidade está atrasada. No nosso campus de Pau dos Ferros, às vezes os alunos fazem cota para resolver algum problema que surge em sua estrutura. Não temos dinheiro. Tudo depende do campus central em Mossoró. Veja como a coisa é absurda: a Uern não tem autonomia financeira e dentro da Uern as unidades também não têm. Então, é preciso desburocratizar a unidade e isso só será possível com a autonomia da instituição.
QUANDO se discute se a Uern corresponde ou não aos anseios da
sociedade, é pelo fato de a instituição não participar, de forma
efetiva, dos grandes debates de interesse do cidadão. O sr. não acha que
a instituição se faz ausente?
CONCORDO e acho até que ela continuará sem cumprir esse papel porque não tem autonomia. Eu digo isso porque sou diretor de um campus, em segundo mandato, e vejo outras instituições que funcionam de forma independente, desenvolvendo um papel que a gente não pode fazer. Não temos autonomia, não temos funcionalidade. A Uern já tem mais de 100 doutores, mesmo assim, não oferece muito coisa em nível de Estado. Qual é a nossa política para educação básica efetiva? Qual é a nossa política para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte? Quantas vezes a nossa instituição questionou o governo quanto às políticas sociais, de saúde, de segurança pública? Nós temos profissionais nessas áreas que podem ser aproveitados, mas não oferecemos. Alguns reclamam que o Estado não nos procura, mas nós não podemos esperar; devemos tomar a iniciativa. Acho que já passou da hora da Uern cumprir o seu papel. Veja o exemplo da UFRN: quando foi que essa instituição deixou de ser provinciana e passou a dá um salto qualitativo? Com Ivonildo Rêgo (ex-reitor). Quando entrou um acadêmico; alguém que conseguisse projetar a universidade para a sociedade.
A SUA gestão no campus de Pau dos Ferros é vista como o melhor exemplo dentro da Uern. É como se fosse uma instituição independente dentro da Universidade. Esse será o seu principal discurso de campanha?
TALVEZ seja. Nós temos a experiência como professor-gestor e a formação. Eu não tenho riqueza, não tenho estrutura, não tenho história política. Tenho a formação acadêmica, de política acadêmica e de gestão. Creio que o exemplo do Campus de Pau dos Ferros pode ser um grande trunfo nosso e isso, evidentemente, vamos apresentar a toda comunidade acadêmica. Mas também vamos debater o perfil de uma universidade de funcionalidade, de democracia, descentralização de poder, de abertura de diálogo com a sociedade, de respeito ao patrimônio da instituição. É o que fazemos em Pau dos Ferros. Você entra no campus e vê que é uma estrutura simples, antiga (década de 1970), mas tem a certeza que é bem cuidada. Vá ao campus de Pau dos Ferros e você se sente em uma universidade. É o modelo que a gente acredita.
CONCORDO e acho até que ela continuará sem cumprir esse papel porque não tem autonomia. Eu digo isso porque sou diretor de um campus, em segundo mandato, e vejo outras instituições que funcionam de forma independente, desenvolvendo um papel que a gente não pode fazer. Não temos autonomia, não temos funcionalidade. A Uern já tem mais de 100 doutores, mesmo assim, não oferece muito coisa em nível de Estado. Qual é a nossa política para educação básica efetiva? Qual é a nossa política para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte? Quantas vezes a nossa instituição questionou o governo quanto às políticas sociais, de saúde, de segurança pública? Nós temos profissionais nessas áreas que podem ser aproveitados, mas não oferecemos. Alguns reclamam que o Estado não nos procura, mas nós não podemos esperar; devemos tomar a iniciativa. Acho que já passou da hora da Uern cumprir o seu papel. Veja o exemplo da UFRN: quando foi que essa instituição deixou de ser provinciana e passou a dá um salto qualitativo? Com Ivonildo Rêgo (ex-reitor). Quando entrou um acadêmico; alguém que conseguisse projetar a universidade para a sociedade.
A SUA gestão no campus de Pau dos Ferros é vista como o melhor exemplo dentro da Uern. É como se fosse uma instituição independente dentro da Universidade. Esse será o seu principal discurso de campanha?
TALVEZ seja. Nós temos a experiência como professor-gestor e a formação. Eu não tenho riqueza, não tenho estrutura, não tenho história política. Tenho a formação acadêmica, de política acadêmica e de gestão. Creio que o exemplo do Campus de Pau dos Ferros pode ser um grande trunfo nosso e isso, evidentemente, vamos apresentar a toda comunidade acadêmica. Mas também vamos debater o perfil de uma universidade de funcionalidade, de democracia, descentralização de poder, de abertura de diálogo com a sociedade, de respeito ao patrimônio da instituição. É o que fazemos em Pau dos Ferros. Você entra no campus e vê que é uma estrutura simples, antiga (década de 1970), mas tem a certeza que é bem cuidada. Vá ao campus de Pau dos Ferros e você se sente em uma universidade. É o modelo que a gente acredita.
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