quinta-feira, 4 de agosto de 2011

EDILENE: para sempre lembrar!



Em 04 de agosto de 2011, lembramos a data de partida de nossa amada amiga EDILENE JALES. São dois anos de saudades e queremos expressar nossos sentimentos de reconhecimento da presença sempre viva de Edilene em nossas vidas, recorrendo às memórias de sua amizade incondicional, de seu trabalho comprometido, de sua alegria imensa, de sua capacidade marcante de rir nas e das adversidades.

Nossos sentimentos nos fazem expressar a vontade de comentar exemplos e lições de futuro que nossa amada amiga nos deu. Não no sentido de evidencia-los de forma egocêntrica ou de transformar em um super-herói ou semideus, ou coisa parecida, um ser humano normal com suas dores e amores. Mas de lembrar a nós todos que sua passagem iluminou nossas vidas, sem com isso apagar os contratempos que porventura tivemos no cotidiano da arte de viver, seja como amigos, companheiros, familiares, colegas de trabalhos. Somos seres imperfeitos na busca constante da perfeição, da imagem e semelhança de Deus, na busca incessante de nos transformarmos em obras de arte.

Edilene foi e é para nós um retrato de luta cotidiana para alcançar novos horizontes. Seus projetos não eram pequenos como não era pequena sua alma. Sonhava com o mundo plural, justo e com a disseminação do saber. Seu grande projeto de vida ( sonho) seria concretizado, como dizia, no dia ,em que fosse “[...]professora da UERN e no futuro, quem sabe , pós doutora e professora  visitante em uma universidade do velho mundo ou da UFRN mesmo[..] (grandes gargalhadas em torno dessas “conversas”). Correu atrás de seus sonhos, de “menina velha do Junco”, casada  e mãe aos 14/15 anos, chegou aos trinta e sete   na condição de Mestre pela UFRN, mãe de dois filhos e um deles na Universidade (quanto orgulho!).Correu por nada? viveu por nada?  Morreu sem concretizar ou finalizar seus sonhos? Quem somos nós para sabermos o Projeto Divino para espíritos de luz como o de Edilene.

Preferimos dizer que Edilene foi chamada por Deus para outras missões. Finalizou o seu tempo terreno com conquistas. Era uma vencedora. Deixou projetos findos  e outros para nós, seus amigos e familiares, darmos conta. Exemplo  de garra e dedicação. Aqui um parêntese: Edilene Dizia: quero ser chamada e reconhecida como Vencedora. Guerreira e batalhadora vive lutando, brigando ,nunca chega lá e eu estou chegando lá. Assim era e assim seja: Edilene é uma vencedora. Venceu a fome, a pobreza, o isolamento de ser proveniente de uma pequena cidade do interior (Messias Targino, o Junco como preferia), a dificuldade de ser mãe adolescente, as disputas acadêmicas e os altos custos de manutenção de uma pós graduação, mesmo sendo gratuito o curso, as estradas difíceis  e esburacadas nos dois anos de Mestrado. Tantas coisas.

 Nós devemos  referencia-la e reverencia-la como vencedora e exemplo a ser lembrado com alegria e saudade. Alegria por termos podido compartilhar de sua existência e saudade ,este sentimento de apego e afeto,   por não estarmos compartilhando fisicamente  de sua convivência, alegria e solidariedade.

Um outro parêntese: das muitas marcas  positivas que Edilene tinha uma delas era a capacidade de doar-se de corpo e alma ao que acreditava e cultuar amizades incondicionais. Sem esquecermos  sua marca registrada: a capacidade de rir das adversidades, a gargalhada franca e espontânea.  Dos defeitos, lembramos alguns como a intolerância com injustiças e falsidades, o “carrancismo” e aspereza no trato com pessoas com quem não compartilhava afeto. Pouco, se pensarmos em suas condições de vida e da vida dos nascidos neste sertão que nos obriga a sermos ásperos como cactos, que com seus espinhos fere ,machuca e se machuca. Cactos que, contraditoriamente, nos  ásperos tempos  de seca, se transformam em fontes de doçura matando a fome e a  sede de muitos. Nos  tempos de  chuva, entre seus espinhos, nos ofertam singelas e delicadas flores.  Assim somos todos nós que vencemos a fome, a pobreza e as dificuldades da vida: cactos. Assim era Edilene.

Uma última palavra para sempre lembrar: Edilene tinha um profundo apego a natureza e com alegria sempre referenciava sua beleza e grandeza ao falar do por e nascer do sol (muitas vezes vistos na estrada, em trânsito de Portalegre/Mossoró/Natal e vice versa); dos ipês floridos da UFRN a presentear-nos com suas flores amarelas  e a registrar  nossas presenças naquele lugar especial;  das aguas da Fonte da Bica de Portalegre “que quem toma não esquece e quer ficar neste lugar” como dizia. Sua partida foi  anunciada com uma referência a natureza :os girassóis, que acreditava daria muitos na Serra (pois na Serra se plantando tudo dá) e faria um belo espetáculo no Mirante e nas praças de Portalegre. Um de seus últimos e-mails deixava-nos uma frase singela e cheia de beleza e sabedoria, com toda a sua expressão de vinculação com a natureza: “Girassóis a todos para que não percamos a direção da luz!!!”.

Que possamos pensar e agir na busca incessante da luz, no aprimoramento pessoal e coletivo , na construção de  um futuro mais digno e justo. Que possamos lembrar de Edilene como ser iluminado e fonte de inspiração para nossas vidas e dos que virão.

Girassóis a todos para que não percamos da direção da luz!!!

Mossoró/RN, 02 de agosto de 2011.
                                                                                                                Maria Ivonete Soares Coelho.

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