ABAIXO O EXCELENTE TEXTO DE RODRIGO CONSTANTINO
Acabo de ver a entrevista com o ex-Secretário Nacional de Segurança do governo Lula, Romeu Tuma Jr., autor do best-seller Assassinato de Reputações.
No livro, Tuminha, como gosta de ser chamado, faz várias acusações
bombásticas, segundo ele uma peça de defesa após o PT iniciar sua
máquina de triturar reputações contra sua pessoa.
A
primeira pergunta, feita por Augusto Nunes, recebe uma resposta direta:
não foi alvo de um único processo na Justiça até agora! Chama Lula de
informante do DOPS; relata encontro com o ministro Gilberto Carvalho, em
que este, chorando, teria confessado que realmente disse para
familiares do ex-prefeito Celso Daniel que levava pessoalmente dinheiro
de caixa dois para José Dirceu; afirma que o caso conhecido como
“Rosegate”, envolvendo a “amiga íntima” de Lula, Rosemary Noronha, faria
Hollywood parecer brincadeira; entre outras coisas. Mas ninguém o
processou até agora.
Na
entrevista, Tuminha praticamente clamou por isso. Disse que tem mais
provas guardadas, que aceita fazer uma acareação com o ex-presidente
Lula, que só não mostra tudo pois escreveu um livro, não um inquérito
policial, que teria 4 mil páginas. E então? Alguém do PT vai processar
Tuminha?
Em
qualquer país sério, menos de 10% das denúncias de alguém que ocupou o
cargo que Tuminha ocupou já faria a República balançar, e seria um
escândalo de proporções gigantescas. Haveria muito mais investigação, os
jornalistas sairiam em campo em massa, haveria pressão, perguntas
incômodas.
O
fato de não vermos nada disso demonstra o quanto vivemos em uma
situação calamitosa. Para usar a expressão do próprio Tuminha, o Brasil
já vive em um Estado Policial, com um aparelhamento da máquina e total
instrumentalização da Polícia Federal para servir a um partido.
O
relativo silêncio e a normalidade com a qual as denúncias de Tuminha
foram recebidas é mesmo algo espantoso e assustador. Nas palavras de
Tuminha:
A
verdade nua e crua é que o governo – que se diz de esquerda,
democrático, social, preocupado com os direitos humanos e que repudia a
“ditadura” – tem sob seu comando uma polícia que grampeia as pessoas,
seleciona trechos de conversas, pinça frases, descontextualiza diálogos,
cria enredos e manda gente para a prisão por achismo e dedução.
Tuminha
viu de dentro a podridão toda, foi alvo dela. Não vem ao caso, aqui, se
sua própria reputação é totalmente ilibada ou não. Várias denúncias
graves muitas vezes vêm de gente de dentro do esquema exposto. O
relevante é o que está
sendo dito, e por alguém que conheceu o funcionamento da coisa. Até
quando o Brasil vai fingir que não ouviu nada? Que venha logo o segundo
tomo, com novas denúncias e evidências, para ver se, desta vez, o país
finalmente acorda…
Rodrigo Constantino
Blog de James Akel
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