Ricardo Brito - Agência Estado
O presidente do Democratas, senador Agripino Maia (RN), afirmou na manhã desta quinta-feira, 10, que as declarações do presidente do PSB e pré-candidato ao Palácio do Planalto, Eduardo Campos, de que não há aliança com o líder do seu partido na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), não muda a posição da legenda que preside. A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, recém-filiada ao PSB, rejeitou um acordo com Caiado, expoente da bancada ruralista no Congresso e que já havia declarado apoio a Campos em 2014.
Ronaldo Caiado foi rifado pelo presidente do PSB em nome do acerto com Marina, segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto. O presidente do DEM, apesar de lamentar o episódio, disse que a manifestação de Campos em nada muda a posição do seu partido, que ainda não decidiu quem vai apoiar na eleição do ano que vem. "Não tem posição, isso é uma questão localizada com Ronaldo Caiado. A oposição não vai brigar com a oposição. Eles têm o pensamento dele, nós temos o nosso. Temos divergências, mas há confluência em um ponto: o ciclo do PT precisa encerrar", afirmou.
Agripino Maia disse que o partido que preside não tem prazo para decidir qual candidatura vai apoiar ao Planalto e destacou que a prioridade do DEM são as eleições proporcionais - a legenda foi uma das que mais perdeu parlamentares no Congresso desde o início da gestão Lula. A aliança presidencial, frisou, será condicionada a esses acertos.
Mas o presidente do DEM lembrou que, embora não descarte uma aliança até com o PSB, o fato "não-natural" seria não apoiar uma candidatura presidencial do PSDB. Para ele, a chapa Eduardo-Marina fortalece a oposição e se os dois, juntamente com o nome tucano, tiverem "habilidade" o eleitorado será somado. "É uma questão matemática. Agora entre a questão matemática e a eleição, vai depender dos candidatos", observou. A seguir, a íntegra da entrevista concedida ao Broadcast Político:
Após Eduardo Campos ter dito que não tem aliança com Ronaldo Caiado, qual posição o DEM terá?
Não tem posição, isso é uma questão localizada com Ronaldo Caiado. A oposição não vai brigar com a oposição. Eles têm o pensamento dele, nós temos o nosso. Temos divergências, mas há confluência em um ponto: o ciclo do PT precisa encerrar. Todas as forças contra o governo precisam estar articuladas em torno da causa para o futuro do país.
Qual caminho o DEM vai seguir em 2014?
A prioridade do Democratas é a eleição proporcional e em função das alianças regionais faremos a nossa decisão. É claro que, pela longevidade da aliança com o PSDB, o fato não-natural seria não estarmos juntos. Não é um assunto encerrado.
Há prazo para tomar uma decisão do partido?
Prazo? Por que vamos nos impor um prazo?
Há espaço para uma aliança com o PSB?
Nos arranjos para as eleições proporcionais, o partido está livre para quem tiver livre. Isso vai depender de estado por estado. Há uma enorme quantidade de afinidades com o PSDB. E também há afinidades com vários outros não-excluídos de uma aliança, inclusive o PSB.
O senhor vê com simpatia uma aliança presidencial com os socialistas?
(Ela) vai ser produto das alianças regionais, quando vemos uma proeminência das relações com o PSDB. Na disputa para prefeito no ano passado, nós elegemos prefeitos de duas capitais e em ambos o PSDB nos apoiava. Em Aracaju, eles têm a vice-prefeitura (com José Carlos Machado). Em Salvador, eles apoiaram a eleição de ACM Neto.
Como o senhor avalia uma eventual chapa puro sangue Aécio Neves e José Serra?
Não tenho nenhuma comentário a fazer, não sou a favor nem contra. Aécio é suficientemente hábil e competente para, em sendo candidato, saber que é necessário compor uma chapa político-eleitoral forte. Ele precisará estar livre para fazer a melhor composição.
Uma eventual chapa Eduardo Campos e Marina Silva fortalece a oposição, com possibilidade de se realizar um segundo turno presidencial?
Não tenho nenhuma dúvida. Marina, que não tinha um discurso de oposição ao governo do PT, quando ela fez a opção (de se filiar ao PSB), e se referiu ao chavismo (do governo), ela demarcou claramente o terreno de oposição do PT. Ela fortalece aquilo que é a tese maior da oposição para o ciclo do PT se encerrar. Ela assumiu o discurso oposicionista, que ela não tinha. Ela defendia teses relativas ao meio-ambiente e ao desenvolvimento sustentável. Agora ficou claro (a mudança de discurso), nitidamente claro. Por isso eu digo que o episódio com o Caiado é isolado, eu lamento, mas em nada interfere na consciência de que é preciso ter um discurso contra o governo.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse justamente o contrário, que favorece a uma vitória no primeiro turno de Dilma.
Ele tinha que dizer isso, ele é um petista juramentado e deveria dizer isso. As evidências, contudo, não mostram isso. É a soma de três forças que, se tiverem habilidade, vai levar o eleitorado a se somar. É uma questão matemática. Agora entre a questão matemática e a eleição vai depender dos candidatos. Eles precisam conduzir as ideias e mostrar que o país está não competitivo, e da nossa economia só nos resta o setor rural. A economia está estagnada, a indústria está em declínio e a infraestrutura, deficiente. Ou o país acorda e muda ou vai passar para ser a 15ª economia do mundo
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