terça-feira, 23 de setembro de 2008

Como escolher seu candidato na eleição de 2008

Para especialistas, as eleições municipais facilitam o processo de escolha do candidato porque, nesses casos, o eleitor está mais próximo dos políticos. Às vezes o candidato é um comerciante local, uma liderança de alguma entidade, um profissional conhecido, alguém que talvez está na esquina de casa.

É a proximidade com o político que torna mais fácil seguir a primeira dica: examinar a vida pregressa do candidato.

A filtragem de um candidato “ficha suja” ou “ficha limpa” cabe mais ao eleitor do que à Justiça Eleitoral, já que o único impedimento que a lei coloca ao candidato em relação ao seu passado é não ter condenação transitada em julgado, ou seja, não ter sentença condenatória definitiva (sem possibilidade de recurso).

A dica sobre a vida pregressa não se refere apenas a processos, escândalos e denúncias de corrupção, mas também a compromissos assumidos em eleições passadas e promessas formuladas (cumpridas ou não).

“Se em um ano, o político prometeu que faria algo e quatro anos depois vem e diz que é exatamente o contrário, isso mostra que ele não tem uma palavra constante. Não quer dizer que ele não possa mudar de opinião, mas tem que explicar muito bem porque muda [de opinião] em assuntos fundamentais. Se ele é favorável à privatização da saúde pública e quatro anos depois é a favor da estatização da saúde pública, é um problema. Você não muda tão radicalmente de um campo para outro”, afirma o professor de filosofia política e ética da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano.

Também vale verificar a atuação anterior do candidato, antes de ele se tornar um político. “Servidor público não se faz do dia para a noite. Tem que analisar se ele teve atuação comunitária, se é uma pessoa com sintomas claros de liderança, se é uma pessoa com sinais evidentes de ser solidário com as pessoas que precisam”, explica diretor-executivo da União dos Vereadores do Brasil (UVB), Sebastião Misiara.


Por dentro das atribuições

Para Misiara, o candidato não pode “sair do nada”. “Se um bombeiro salvou a vida de uma criança, virou notícia local, estadual e nacional, nem por isso vai ser um bom vereador”, exemplifica.

O vereador precisa conhecer o funcionamento do município, o orçamento e a lei orgânica da cidade porque, além de propor e votar projetos de lei, vai aprovar e fiscalizar a aplicação do dinheiro que a cidade tem em caixa e analisar as contas do prefeito.

Apenas boas idéias também não bastam para o candidato a prefeito. O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, diz que quem se candidata a dirigir um município tem que ser um bom gestor: conhecer as leis, o orçamento, ter boa capacidade de avaliação e criatividade.

“Se você escolher um mau gestor, ele afunda [o município] não só por aquela gestão, mas por muitas décadas, porque os efeitos são prolongados. Terminou aquele improviso. Tem que entender e planejar, saber quanto arrecada, quanto gasta e como é que se gasta”, explica.


"Ponte para a Lua"

Entender o funcionamento do município e as atribuições de cada cargo também é importante para o eleitor, principalmente para se saber reconhecer falsas promessas.

“Tem candidato a vereador que promete ponte para a Lua. E aí o sujeito acredita, cai nessa historinha e depois se arrepende. Então, tem que conhecer o limite do cargo em disputa”, diz o cientista político Humberto Dantas, conselheiro do Movimento Voto Consciente.

Não é difícil encontrar um candidato a vereador que prometa fazer obras. É bom lembrar que isto não é função do vereador, mas sim do prefeito. “Eles chegam e dizem: ´Vou fazer uma escola, vou fazer uma creche´. Mas não pode”, explica Amália Sylos, voluntária da entidade.


"Inmetro da política"

Procurar se aproximar do candidato, conhecer seu partido e suas propostas básicas é tão importante quanto olhar a propaganda de forma crítica.

“A dona de casa não compra o sabão em pó só pela propaganda. A propaganda a leva a comprar, mas se o sabão não presta, se mancha a roupa, ela não compra mais. Assim, a propaganda deve chamar a atenção para o candidato, para o programa, mas o que a propaganda faz, na maior parte do tempo, é embelezar o produto. Portanto, é preciso testar a qualidade do produto. É preciso procurar o Inmetro da política”, diz Roberto Romano.


Confira mais dicas para escolher candidatos

Um top 5 razoavelmente útil. Como escolher seus candidatos na eleição de 2008.

1º vamos lembrar que essa eleição será apenas para cargos municipais. Ou seja, coisas como economia e segurança NÃO fazem parte da obrigação deles. Ou seja, o candidato a PREFEITO ou VEREADOR que promete Esas coisas não pode estar falando sério. Simplesmente ignore.

2º Campanhas políticas são friamente calculadas para te fazer votar neles, de preferência te pegar pelo sentimento, fazer com que você não pense. Antes de votar pense: “estou votando nele racionalmente, porque as propostas dele fazem sentido e porque ele pode ser um bom prefeito, ou só porque fui com a cara dele?”. Se é só porque achou ele simpático, muita calma, você foi pego pela campanha de marketing. E não adianta falar que você não é afetado por essas coisas porque É SIM. Todos nós somos.

3º Faça questão de no dia de votar ir com os números dos candidatos anotados em um pedaço de papel, E ir com fone de ouvido, de preferência tocando sua música favorita. Nunca se sabe quando aquelas musiquinhas grudentas de campanha vão começar a tocar dentro de sua cabeça (elas são feitas pra isso) e você sem querer acaba digitando o número que repete sem parar na maldita música que está dentro da sua cabeça.

Pesquise o nome do candidato na internet. Sério. Muitas notícias de corrupção que você COM CERTEZA esqueceu estão lá. Use o google.

5º Religião NÃO É fator decisivo na hora de votar. Não importa se você é Presbiteriano e seu candidato também é. Se ele se apoiar na religião é porque não tem uma plataforma decente sobre a qual exercer seu mandato, logo não é uma boa opção. E não esqueça que ser religioso não impede que seu candidato também seja sacana. Nos Estados Unidos (já que não temos uma pesquisa como essa no Brasil) apenas 0,2% dos condenados são ateus. 99,8% dos criminosos são religiosos. E não temos motivos para acreditar que no Brasil seja muito diferente disso.

Nenhum comentário: