segunda-feira, 2 de março de 2009

Programa Café com o Presidente

Mercado de trabalho deve ter sinais de melhora já a partir de março, avalia Lula


Apresentador: Olá você em todo o Brasil, eu sou Luciano Seixas e nós estamos começando agora o programa de rádio do presidente Lula, o Café com o Presidente. Olá presidente, como vai, tudo bem?

Presidente: Tudo bem, Luciano.

Apresentador: Presidente, o senhor está falando de São Paulo e nós estamos falando aqui dos estúdios da EBC [Empresa Brasil de Comunicação], em Brasília. Segundo dados divulgados pelo IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] houve uma desaceleração no mercado de trabalho nesse início de ano. Existe perspectiva de mudança desse quadro a curto prazo, presidente?

Presidente: Existe, Luciano, existe. Veja, primeiro, você disse bem, nós estamos tendo no Brasil um problema de desaceleração, enquanto que o chamado mundo desenvolvido, Estados Unidos, Europa e Japão estão tendo recessão. Isso significa que o Brasil está mais preparado para enfrentar essa crise econômica internacional. Há um dado extremamente importante que nós precisamos ter em conta: o Brasil cresceu a oferta de emprego em 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2008, quando tivemos a primeira grande queda em dezembro, e depois tivemos uma queda menor em janeiro e certamente vamos ter em fevereiro. O importante é que nós prevíamos o primeiro trimestre muito delicado por conta da crise internacional. Mas, ao mesmo tempo, todas as medidas que nós tomamos no governo, seja a liberação de mais crédito para financiar capital de giro, seja incentivo à construção civil, seja repassar mais dinheiro para o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] tudo isso tem um processo de maturação, que na minha opinião começa a melhorar agora a partir de março. Eu estou convencido e estou otimista de que nós entramos por último na crise e vamos sair primeiro da crise, porque nós temos um mercado interno potencial extraordinário e já tomamos todas as medidas e se for necessário vamos tomar outras medidas para que a gente possa debelar essa crise o mais rapidamente possível. Outro dado, muito importante, Luciano, é a questão do crédito, ou seja, nós tivemos uma escassez de crédito no mundo inteiro. Aqui no Brasil nós tomamos posição de colocar dinheiro no compulsório para ajudar os bancos a fazerem mais empréstimos, nós ainda temos o Spread [ diferença entre as taxas que os bancos pagam ao captar dinheiro no mercado e o juro que cobram nos empréstimos ] alto e estamos discutindo com o Banco Central e com o ministro da Fazenda como fazer para que a gente possa reduzir o empréstimo. E nós vamos dar um alento muito grande, porque nós estamos trabalhando para que em todas as grandes obras do PAC sejam contratadas pessoas para trabalhar dois turnos, ou três turnos, onde for necessário. Nós vamos anunciar o lançamento de um grande programa habitacional de um milhão de casas populares nesse país para as pessoas que ganham de zero a dez salários mínimos e tudo isso vai contribuir para dinamizar a economia. Ou seja, eu volto a repetir aquela velha história da roda gigante: se as pessoas consumirem adequadamente, se as pessoas comprarem aquilo que necessitam, ou seja, o comércio vai vender, vai encomendar das fábricas, que vão produzir mais e nós vamos gerar os empregos necessários aqui dentro do Brasil.

Apresentador: Agora, presidente, além da desaceleração no número de empregos, o ano de 2009 começou com alta na inflação. O que o governo está fazendo para reduzir esse impacto?

Presidente: Olha, essa inflação do começo do ano é sazonal. São coisas que todo o ano aumentam, ou seja, é a educação, é o transporte, às vezes é um pouco de alimento, mas nós podemos afirmar ao povo brasileiro que a inflação está sob controle, ela ficará dentro da meta em 2009, ficará dentro da meta em 2010, porque nós temos consciência de que a inflação controlada significa mais poder aquisitivo para os trabalhadores e a inflação alta significa prejuízo para os trabalhadores brasileiros. Por isso, nós vamos cuidar com muito carinho para que a inflação fique definitivamente controlada e não seja um problema para o povo brasileiro.

Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Bom, presidente, então está sendo feito um trabalho para melhorar todo esse cenário no país, não é?

Presidente: É, o que eu poderia dizer ao povo brasileiro é que, veja, nós estamos preocupados e trabalhando de forma, eu diria, muito forte para que a gente evite que o desemprego cresça no Brasil, por isso nós tomamos muitas medidas. Esse caso da Embraer [Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.] , por exemplo, é um caso que é quase uma anomalia. Eu chamei a direção da Embraer, disse que eles foram preciptados, que poderiam ter negociado com os trabalhadores, numa demonstração de que nós já tinhamos outras experiências no Brasil em que a negociação é o melhor caminho. Obviamente que nós vamos trabalhar para ver se a Embraer consegue ter as encomendas, produzir os aviões e vender, porque assim é a certeza de que nós teremos os postos de trabalho ocupados pelos trabalhadores outra vez. E com relação a inflação, nós vamos trabalhar com muito carinho. Eu estou certo de que o que estamos fazendo está correto. A construção civil brasileira vai crescer muito esse ano, as obras do PAC estão andando de forma extraordinária, há vários setores industriais que já estão dando sinais de recuperação. Quando nós normalizarmos o crédito, certamente, o Brasil vai entrar num ritmo de crescimento, eu diria, mais forte, mais poderoso. Mas eu trabalho com otimismo, vou para a reunião do G20 [Grupo de Países em Desenvolvimento] dia 2 de abril com a perspectiva de que a gente possa encontrar uma solução para normalizar o sistema financeiro e controlá-lo melhor.

Apresentador: Muito obrigado, presidente Lula, até a próxima semana.

Presidente: Obrigado a você, Luciano, e até a próxima semana.

Apresentador: O programa Café com o Presidente volta na próxima segunda-feira, até lá.

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