Disposto a se cacifar como candidato à sucessão presidencial de 2010, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), disse ontem que o seu partido não tem que pedir autorização para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se quiser apresentar um projeto para o país e que "ninguém duvide" da sua disposição de concorrer em 2010.
Após um período no qual evitou a polêmica, Ciro voltou ontem ao Congresso e reassumiu seu estilo ao criticar governo, Petrobras, política econômica do Banco Central e o governador tucano, José Serra (SP), seu possível adversário.
Nas pesquisas, Ciro está quase sempre em segundo lugar, atrás do tucano e com ampla vantagem com relação à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ciro usa as criticas ao governo e ao tucano como estratégia para cavar espaço e se colocar como opção à polarização Serra e Dilma.
Durante seminário sobre a crise, Ciro disse que concordava "em gênero, número e grau" com o deputado Marcio França (PSB-SP), que diz que Lula está impondo o nome de Dilma, "que não tem experiência eleitoral", sem ouvir a base aliada. E comentou: "Time que não joga não faz torcida".
Ciro não poupou críticas à política educacional e classificou como uma "merda" o ensino das universidades públicas. Segundo ele, "a educação no Brasil está piorando de forma agônica" a ponto de faltar professor de matemática.
Sobre saúde, cujo ministério já foi conduzido por Serra, disse que ela "só piora, é um desastre". Ciro justificou suas críticas ao afirmar que não quer mais ser omisso e que evitou pensar alto em respeito a Lula.
A política do Banco Central para enfrentar a crise econômica também foi atacada por ele. "A política adotada para a crise pelo BC é digna do "Almanaque de Capivarol", traz coisas que são de uma superficialidade gritante." Ele, que foi ministro da Fazenda de Itamar Franco, quando ajudou a implementar o Plano Real, citou o aumento dos juros e do compulsório em meio à crise como um erro.
Apesar disso, considerou que o atual governo teve o mérito de evitar a quebra do país mesmo que isso implique crescimento de 1% neste ano. Danos na economia mesmo, para
Ciro, foram provocados pelo governo FHC que, segundo ele, entregou o país com 35% de carga tributária, 78% de aumento na dívida e sem ativos.
"O Serra era o ministro do Planejamento, estava no centro dessa política econômica, e depois foi ministro da Saúde. As pessoas se esquecem disso."
Ciro defendeu mudança na política econômica que se resume, para ele, em "usurpar dinheiro de quem trabalha e produz e transferir para quem vive no rentismo [de renda]".
O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), disse que as críticas são "equivocadas".
Gazeta do Oeste 06-03
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