segunda-feira, 20 de abril de 2009

PROGRAMA CAFÉ COM O PRESIDENTE

Uma nova história está sendo escrita após a reunião da Cúpula das Américas, avalia Lula

Apresentador: Olá você em todo o Brasil. Eu sou o Luciano Seixas e começa agora o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Olá presidente, como vai, tudo bem?


Presidente: Tudo bem, Luciano.


Apresentador: Presidente, nós estamos gravando hoje aqui na Base Aérea de Brasília. O senhor esteve neste final de semana em Trinidad e Tobago, durante a 5ª edição da Cúpula das Américas. Como é que foi o encontro?


Presidente: Olha, foi uma reunião, eu diria, muito importante. Pra mim que participo de reuniões multilaterais desde 2003, eu estou percebendo que a cada dia que passa há uma evolução importante na compreensão dos chefes de Estado, dos presidentes, de que, sabe, quanto mais harmonia existir entre nós e quanto mais nós trabalharmos o processo de integração, mais nós teremos chance de viver em paz e de termos o nosso país desenvolvido. Todos nós estamos convencidos disso. Essa reunião, foi uma reunião importante porque participaram todos os países da América Latina, do Caribe, mais Estados Unidos e mais Canadá. Todo mundo esperava que houvesse uma briga, uma disputa entre Obama e Chávez, entre Obama e Evo Morales, entre Obama e Rafael Correa, entre Obama e Daniel Ortega. E o que aconteceu? O que aconteceu é que as pessoas ficaram civilizadas e que as pessoas aprenderam a discordar, democraticamente, e a conviver com as diferenças. Foi uma reunião importante porque ela permitiu que houvesse o diálogo. Acho que o Obama teve uma atitude muito inteligente quando resolveu fazer reuniões separadas com a Unasul, com o pessoal da América Central, com o pessoal do Caribe. É a primeira Cúpula que ele participa, portanto, era o momento importante pra ele conhecer as pessoas e eu penso que foi importante. Eu acho que nós demarcamos uma nova história de relação na América Latina, sobretudo, entre América Latina, Caribe e Estados Unidos. Se os Estados Unidos quiserem, eles têm a chance de fazer um novo capítulo na história, não de ingerência, mas de parceria, de construção de coisas positivas com os países da América Latina e do Caribe.

Apresentador: O senhor manifestou na semana passada, ao presidente Barack Obama, a sua posição em relação à retirada do embargo econômico sobre Cuba. Isso chegou a ser tratado? Que outros temas estiveram na pauta, presidente?

Presidente: Esse tema chegou a ser tratado, ele não teve acordo, obviamente, porque têm compreensões diferentes. Mas eu também acho que haverá evolução para se encontrar um fim definitivo ao embargo a Cuba. Na reunião que nós fizemos na Unasul, eu disse ao presidente Obama, que não era possível mais pensar fazer a Cúpula das Américas faltando um país. É importante que Cuba esteja presente. Cuba faz parte do nosso Continente, acho que Cuba contribui para o processo de discussão na América Latina. O Brasil tem um extraordinário relacionamento com Cuba e eu acho que a Cúpula das Américas precisa resgatar Cuba, sabe, como um país importante na América Latina e no Caribe. E penso também que o Obama vai avançar. Eu sei que tem problemas culturais, tem problemas políticos, não é fácil você vencer os setores conservadores em cada país, mas eu acho que o Obama tende a avançar e tende a compreender que não existe mais necessidade desse embargo a Cuba.

Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente. Hoje falando sobre a Cúpula das Américas. O senhor tem sempre falado sobre um novo relacionamento dos Estados Unidos com os países latino-americanos. O senhor sentiu isso nessa reunião, que existe essa possibilidade?

Presidente: Olha, eu não só senti como eu fiz questão de falar, de público, isso na reunião. Porque o Obama é a grande novidade política desse começo de século nos Estados Unidos. É um homem que não estava previsto, por nenhum analista político, que ele chegasse à Presidência. Ele chegou à Presidência da República, com um discurso inovador, com discurso de mudanças e, portanto, agora ele pode ver de perto, coisa que poucos presidentes tiveram a chance de ver, todo o conjunto da América Latina e do Caribe junto. Conversar com as pessoas, conviver com as pessoas e perceber que acabou a Guerra Fria. Perceber que hoje na América Latina e no Caribe, todos nós estamos exercitando a democracia até às últimas conseqüências. Nunca houve tanta participação popular, nunca houve tanta democracia, nunca houve tanta política social na América Latina. E o que é que nós queremos? O que nós queremos é que os Estados Unidos participem para ajudar os países da América Latina a se desenvolverem. E porque participar? Porque é a maior economia do mundo, porque tem muitos países do Caribe e da América Central que têm a sua economia praticamente voltada para os Estados Unidos, porque têm mais de 40 milhões de hispânicos morando nos Estados Unidos, a maioria delas saída da América Latina, e, portanto, são pessoas que contribuem muito com o desenvolvimento desses países pequenos. E eu acho que o Obama tem a compreensão e acredito que ele vai tomar as medidas certas, no tempo certo. Essas coisas não acontecem do dia pra noite. Essas coisas têm um processo de amadurecimento e eu tenho convicção de que ele vai mudar e os países da América Latina têm a convicção que o Obama é uma novidade importante para que a América Latina e Estados Unidos tenham um relacionamento mais produtivo, a construção de uma parceria mais efetiva e isso vai ser bom pra nós. Vai ser bom pra democracia, vai ser bom pro fortalecimento dos países da América Latina e do Caribe, vai ser bom para os Estados Unidos, vai ser bom pro Canadá e vai ser bom para o mundo.

Apresentador: Muito obrigado presidente Lula. Até a próxima semana.

Presidente: Obrigado a você Luciano e até a próxima semana.

Apresentador: O programa Café com o Presidente volta na próxima segunda-feira, até lá...

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