Josias de Souza 11/02/2015 - 21:04 
Como distinguir um petista de um tucano? Noutros tempos era fácil. Petista tinha barba. Hoje, a barba não quer dizer mais nada. Até Aécio tem uma. Petista considerava-se dotado de superioridade moral. A moral também perdeu o sentido. Lula e Dilma rebaixaram-se para entrar num todo que inclui Renan, Sarney, Collor e Maluf.
Nos últimos 12 anos, o PT esforçou-se para provar que era diferente do PSDB. De repente, o petismo desencadeou um esforço para demonstrar que tem algo em comum com o tucanato.
O PT escora-se no depoimento de dois delatores para alardear que o PSDB foi o precursor do ritual de emporcalhamento da Petrobras. “Irregularidades começaram na gestão FHC”, grita o PT em notícia veiculada no seu portal na internet. No desespero para atenuar suas culpas, o PT roga à plateia que o nivele à baixeza geral que outrora atribuía aos outros partidos. Para atrair a cumplicidade do PSDB, o PT como que admite que não está imune às tentações.
Até aqui, o PT pegava em armas para defender a tese segundo a qual o Brasil foi descoberto em 2003. A estabilidade econômica é obra de Lula. FHC não fez senão quebrar o Brasil três vezes. O Bolsa Família não tem nada a ver com as bolsas tucanas. Súbito, descobre-se que, na avaliação do PT, seus governos só aproveitaram a corrupção.
No aniversário de 35 anos do PT, Lula leu o trecho do manifesto de fundação que previa que o partido seria diferente dos demais. “Não é possível a gente imaginar que está tudo bem'', lamentou. “Não é verdade que o PT tenha se transformado num partido pior do que os outros, mais fisiológico ou mais sujeito aos desvios.
O verdadeiro problema do PT é que ele vai se tornando cada vez mais, se a gente não tomar cuidado, um partido igual aos outros.” Quer dizer: todos aqueles ataques à corrupção no governo Collor, todas aquelas críticas à privatização tucana, trançada “no limite da irresponsabilidade”, tudo aquilo vinha sempre com uma pontinha de inveja.
Confirma-se agora algo que o mensalão já deixara claro: o PT era apenas a perversão que ainda não tinha chegado à chave do cofre.
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