Alemanha não é favorita. Brasil não é franco atirador nunca

menon

O Brasil não é uma noiva abandonada na porta do altar.

A seleção não é um bando de escoteiros que se afastou do comandante e está, sem bússola, na floresta.

A Alemanha não é favorita. Se ainda fosse um campeonato de cerveja em Munique…

O Brasil não é franco atirador. Nunca foi, nunca é e nunca será. Dizer isso é esquecer a história. O passado e o presente.

A perda de Neymar é terrível. Mesmo tendo feito partidas ruins contra Chile e Colômbia sua importância não é contestada. Oscar, que poderia ser o seu escudeiro, um criativo parceiro, está jogando quase como terceiro volante. A seleção foi feita em torno de Neymar. Foi feita para ser conduzida por Neymar. Ele estava cumprindo, às vezes bem outras nem tanto. Agora, sua saída cria um vácuo. Felipão, para ter uma família unida, deixou de lado jogadores com mais experiência. Não há substituto para Neymar. É lógico que a adversidade pode revelar alguém inusitado,  mas por enquanto não há.

A perda do craque traz incerteza. Traz angústia. Traz uma sensação de desalento e de abandono.

Sim, tudo é verdade. Mas não é necessário reagir como se a eliminação fosse questão de dias.

Há um jogo pela frente. E antes desse houve muitos outros. Vinte e um. Quantos a Alemanha ganhou? Quatro. Houve cinco empates. E o Brasil ganhou 12. São fregueses.

Camisa pesa, mas não é só isso. Gana tem Neymar? Argélia tem Neymar? A Alemanha empatou com as duas seleções. São dados deste Mundial. Não é história, não é camisa, não é nada. É a Copa atual.

Como vencer? Olha, como eu sou meio retranqueiro, escalaria Luis Gustavo, Paulinho e Fernandinho para marcar Ozil, Mueller e Toni Kroos. Paulinho e Fernandinho podem sair para o jogo. Na frente, Willian e Oscar com muita liberdade. E Jô no ataque. É uma opção. Pode ter Bernard. Pode ter Hulk. Há gente para entrar em campo. Há gente para vencer a Alemanha.

Por fim, que história de franco atirador essa? Gente, franco atirador é quando um time chega a um jogo decisivo sem nenhuma responsabilidade. Franco atirador é quando o Paulista de Jundiaí e o Santo André chegam à final da Copa do Brasil contra gigantes cariocas. Franco atirador é a Inter de Limeira definindo título contra o Palmeiras. Franco atirador é a seleção feminina de basquete na final da Olimpíada de Atlanta.

Franco atirador é quando você entra em campo satisfeito com o que conseguiu. Sem pressão para jogar.

O Brasil estará assim contra a Alemanha? Os jogadores estarão leves, com a sensação do dever cumprido? Isso não existe para a seleção brasileira. Os jogadores estarão vestindo a mais gloriosa camisa, a mais pesada. Ela não quita pressão de ninguém.

É o futebol brasileiro em campo. Nunca é franco atirador.