terça-feira, 18 de dezembro de 2007

"Chegou a hora do governo federal atender aos pleitos do RN", afirma Garibaldi Alves Filho

Ele se tornou na última semana o primeiro potiguar a chegar ao cargo de presidente do Senado por meio do plenário da Alta Câmara Federal. Garibaldi Alves Filho concedeu entrevista coletiva na última sexta-feira e O Mossoroense traz na íntegra o seu conteúdo. O senador tratou de vários temas, mas o maior destaque ficou por conta dos pleitos que ele fará em nome do Estado.

ALEXANDRO GURGEL
alex-gurgel@oi.com.br
O MOSORROENSE 16-12

O Mossoroense: Senador, o que esperar do seu desempenho como presidente do Congresso Nacional?

Garibaldi Filho: O povo sabe que nós vamos desenvolver um trabalho sério pelo Senado e pelo Brasil. Ao mesmo tempo, vamos desenvolver também um trabalho pelo Rio Grande do Norte, pelos seus grandes pleitos, pelas suas grandes reivindicações.

OM: O novo cargo representa um grande desafio?

GF: Não tenha dúvida que é um grande desafio, principalmente pelas circunstâncias. Nós temos que levar em consideração que eu não estou em um período normal, assumi o cargo em função de uma anormalidade e por isso mesmo o desafio se torna maior.

OM: O senhor se reuniu com o presidente Lula para discutir o que vai ser feito para substituir os R$ 40 bilhões que deixarão de ser arrecadados com a CPMF?

GF: Não. Certamente, nós vamos ser chamados para ver realmente o que será feito. Se o governo vai só fazer gastos, quer dizer, utilizar a tesoura ou se teremos a criação de novos tributos, que será difícil o governo obter a aprovação no Senado. Acho que até mesmo na Câmara dos Deputados.

OM: Então, o senhor confirma que se o governo Lula criar novos tributos, o Senado dificilmente aprovará?

GF: A meu ver, o governo teria que tentar reconstituir a cobrança da CPMF mais reformulada. Um exemplo é aquela proposta de destinar o dinheiro somente para a saúde que chegou a sensibilizar alguns senadores. Mesmo assim, não seria nada fácil para o governo.

OM: Essa reformulação poderia vir com um projeto de reforma tributária?

GF: Dentro de um projeto de reforma tributária é evidente que se torne mais fácil. Agora, é um processo mais demorado, de difícil articulação. Ultimamente, todas as reformas tributárias têm sofrido essa desagregação para a sua aprovação. Hora são os governadores que vulneram a proposta, em outro momento são os empresários. E ninguém se entendeu até agora sobre uma reforma tributária mais ampla, apesar de todos reconhecerem a necessidade de uma reforma desse porte.

OM: Como o senhor recebeu as notícias da imprensa do Sul que faz algumas denúncias contra senhor?

GF: Eu recebi com naturalidade. A verdade é que essas denúncias são notícias requentadas. De tudo o que se passou, não culminou em nenhuma denúncia contra mim. Absolutamente nada.

OM: Essas denúncias não seriam uma estratégia da oposição para tentar desestabilizar o início do seu mandato?

GF: Não vou acusar ninguém. Mesmo porque não tenho provas nem certeza de que não há ninguém por trás disso. Eu prefiro acreditar que a imprensa do sul resolveu dar uma guarida a essas denúncias que não significam nada. Como já disse, eu não tenho nada no Supremo Tribunal Federal contra mim e nem na Procuradoria Geral da República. Não existe nenhuma denúncia contra mim.

OM: Como será a relação da oposição com a presidência do Senado?

GF: A oposição me ajudou a chegar à presidência do Senado e agora eu espero que ela me ajude a dirigir o Senado em busca da recuperação e da credibilidade do Senado. Uma credibilidade que ficou arranhada após todo esse processo.

OM: Quais as matérias que têm prioridade para votar a partir da próxima semana?

GF: Nós vamos votar o segundo turno da DRU (Desvinculação das Receitas da União), que é aquela reserva que o governo faz no Orçamento para despesas livres. Mas, depois da DRU, nós só vamos analisar as demais matérias quando houver uma reunião das lideranças, na próxima terça-feira.

OM: Há risco de o Orçamento ficar para o segundo semestre de 2008?

GF: Não. Nós esperamos que seja resolvido logo nos primeiros dois meses, no máximo até o final de março. Acho que resolveremos logo, mas só depois do Carnaval. Quem está esperando ter Orçamento para brincar o Carnaval não vai ter não.

OM: Além do corte de gastos por parte do governo federal está previsto um aumento de impostos para o cidadão?

GF: Olha, não tenho informação quanto a isso. Sei que o governo quer os recursos que perdeu. Baseado na especulação, ouço que o governo tentaria agora o entendimento com a oposição para ter uma CPMF diferente, só voltada para a Saúde. Outros falam em criação de impostos, mas é preciso ter cuidado com o problema inflacionário.

OM: Sua eleição à presidência do Senado significa uma aproximação com o PT do Rio Grande do Norte?

GF: No final das contas, a minha eleição representou um consenso que passou por todos os partidos da oposição e que foi uma indicação do PMDB. O resultado disso é que nós teríamos uma boa convivência com todos. Eu não estou, principalmente depois de eleito, preocupado com a política local ou regional porque você sabe que isso sempre divide. Mas, reconheço que o PT deu uma contribuição importante para a minha eleição e eu tenho um ótimo relacionamento com o PT local.

OM: O senhor pretende pleitear algo especial ao presidente Lula para o Rio Grande do Norte?

GF: Em 2008, nós vamos insistir em função dos grandes pleitos para o Rio Grande do Norte. Principalmente, agora que tenho uma prerrogativa de insistir como presidente do Senado. Vamos pleitear o aeroporto de São Gonçalo, as reivindicações junto à Petrobras para o aproveitamento das potencialidades que temos aqui no Estado dentro desse pólo-gás químico que foi instalado. Ao lado da nossa bancada, nós vamos dizer ao presidente que chegou a hora do Rio Grande do Norte ter um grande investimento do governo federal que não teve antes.

OM: Na próxima semana, a governadora Wilma de Faria vai ter uma audiência com o presidente Lula. O senhor foi convidado para participar?

GF: Eu estou à inteira disposição da governadora. Na hora que ela me acionar para tratar das grandes reivindicações do Rio Grande do Norte, ela vai ter minha participação.

OM: O senhor acha que a sua presidência acirra mais ainda as eleições para o próximo ano?

GF: Não. Eu só poderia acirrar se eu tivesse um comportamento na eleição que levasse a isso. Como eu não vou ter esse comportamento, a eleição em Natal não será acirrada por causa disso. 

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