Josias de Souza
A bancada do Partido Social Cristão decidiu manter na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara o deputado-pastor Marco Feliciano (SP) –aquele cuja situação o presidente da Casa, Henrique Alves (PMDB-RN), tachara na semana passada de “insustentável”.
Vice-presidente do PSC, o também pastor Everaldo Pereira leu uma nota. No texto, o partido imforma que “não abre mão da indicação.” Feliciano “foi eleito por maioria dos membros da comissão”, recorda a legenda. “Se ele estivesse condenado pelo Supremo, nem indicado seria. Feliciano é um deputado ‘ficha limpa’.”
A nota acrescenta: “Nós do PSC entendemos que ele não é racista e nem homofóbico. O deputado Feliciano já se desculpou por colocações mal feitas. Qualquer um pode deslizar nas palavras, pode errar.” O protagonista da polêmica participou da reunião. Ao chegar, perguntaram-lhe se iria renunciar. E Feliciano: “É só olhar para meu rosto.”Diz-se que Deus escreve certo por linhas tortas.
A julgar pela Câmara de que dispõe o Brasil, o mais inofensivo é mesmo a caligrafia. Feliciano chegou à presidência do colegiado que cuida dos direitos humanos graças a um acerto não escrito. Grandes partidos e legendas médias ditas de esquerda poderiam ter indicado um dos seus para comandar a comissão. Preferiram se abster. Vem daí que…
Por acordo, a desprezada comissão caiu no colo do PSC. Candidato único, Marco Feliciano foi eleito presidente sob tumulto e com maioria magra. Mas foi eleito. Como arrancá-lo agora da cadeira? O regimento prevê a renúncia. Fora disso, é como diz Feliciano: “Só se eu morrer.” Assim, até segunda ordem, a Comissão de Direitos Humanos continua sob a presidência do “insustentável”.
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