POR ERASMO PEREIRA
Eis que começa a saga...
Já faz algum tempo que me bateu uma vontade de escrever algo sobre minha querida cidade, e, em meio ao processo eleitoral que findou-se, decidi escrever sobre política, sociedade e serviços públicos. Enfim, em tempo, pretendo fazer uma breve análise de problemas que considero graves e que nem sempre vem à tona quando decidimos nosso voto. Ao invés da crítica por si só desejo contribuir com apontamentos e sugestões que, ao serem adotadas, possibilitem (quem sabe) a amenização ou resolução definitiva dos problemas a frente tratados.
Antes de mais nada, faz-se necessário esclarecer que não é nosso objetivo transformar esse texto em algo politiqueiro, que possa ser usado por qualquer dos grupos políticos aqui existentes para atacar os adversários. Ao contrário, pretendo politizar o debate fazendo reflexões sobre questões importantes que afetam a vida de todos os portalegrenses.
Ao escolher o modo como organizaria esse texto, preferi fragmentá-lo em temas. Muito embora bem alinhados com a ideia geral aqui defendida, essa seria uma maneira interessante e, ao nosso ver, eficaz de facilitar a compreensão do que nos propomos a expor.
Sobre a saúde:
Preferi começar por esse tema por considerar o mais essencial e sem dúvida o mais precário em Portalegre.
Já passaram pela Prefeitura de Portalegre mais de um prefeito de mais de um grupo político e mesmo assim os problemas relacionados à saúde pública continuam praticamente os mesmos. Ainda temos que conviver com filas e mais filas para atendimento médico e odontológico; atrasos na marcação de exames médicos e cirurgias.
Em nossa cidade quem não se deparou com imensas dificuldades ao necessitar de atendimento médico durante a noite? Quem não bateu na porta da casa de um médico e além de estar doente ou acompanhando alguém enfermo ainda teve que praticamente se humilhar e pedir por Deus para ser atendido? Quantos não tiveram de dormir em frente ao centro de saúde para conseguir pegar a ficha para o dentista? Quantos não morreram a caminho de Pau dos Ferros, Mossoró ou Natal as vezes por falta de cuidados básicos (nem esses existem) aqui no município?
Não quero aqui atribuir culpa a ninguém, mas sim responsabilidades. O que falta para contratarmos médicos plantonistas ou simplesmente para que a administração pública faça com que o profissional pelo menos cumpra a carga horária prevista no seu contrato de trabalho. Com todo respeito acho essa coisa de limitação de fichas para atendimento uma verdadeira palhaçada que se faz com o cidadão. Ora se um professor deve cumprir sua carga horária, um ASG, qual a razão/motivo que justifique que os médicos assim também não devem proceder?
Uma gestão verdadeiramente eficiente deve garantir o atendimento médico de qualidade tempestivamente. Se tivéssemos condições de prever o momento exato de sermos acometidos com determinada enfermidade seria maravilhoso, infelizmente não funciona assim. Logo o serviço de atendimento médico deveria (deve) estar sempre pronto, afinal doença não tem hora.
Queria lembrar que atendimento médico (de qualidade) é um direito, não um favor concedido por esse ou aquele gestor. O Serviço Único de Saúde (sob responsabilidade da União, Estados e Municípios) deve ser pleno/integral/eficiente. Por que tanto descaso quando se tenta marcar uma ou outra consulta com especialistas (isso não só em Portalegre, mas em grande parte do país)? Para onde foi o conceito de acolhimento tão abordado quando se fala do atendimento em saúde?
É chegada a hora da população consciente de seus direitos deixar de lado questões partidárias (ao nosso ver politiqueiras) e pressionar ainda mais os gestores para que solucionem esses problemas. Nos cabe também uma postura independente e de cobrança. Devemos exigir, daqueles que se propõem administrar nossa cidade, compromissos efetivos com a resolução dos problemas ora elencados.
Nada de trocar voto por favor, saco de cimento, telha, “uma ajudinha”; uma grande ajuda de fato seria resolver, pelo menos, nossos problemas com o serviço de saúde ineficiente.
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