segunda-feira, 8 de julho de 2013

Sem medo de ser quem é...

POUCOS SÃO OS HOMENS QUE ALCANÇAM A CONDIÇÃO DE SER UMA UNANIMIDADE ENTRE AQUELES QUE O CONHECE; MANOEL DE BRITO, QUE HOJE COMPLETA 85 ANOS, É UM DESSES; ELE PRIVOU DA CONFIANÇA DE POLÍTICOS RIVAIS

Sílvio Andrade DO NOVO JORNAL

Do gabinete de Manoel de Medeiros Brito, na Liga de Ensino do Rio Grande do Norte, dava para ouvir o barulho da chuva constante que caía na manhã de terça-feira em Natal. Na memória desse homem que completa 85 anos, chuva é sempre celebração de vida e uma reminiscência da infância em Jardim do Seridó, onde sempre choveu pouco.

Foto: Eduardo Maia/NJ.

Manoel de Brito preside a Liga de Ensino do Rio Grande do Norte

Em plena era da tecnologia da informação, do google que a tudo responde, Manoel de Brito só precisa de palavras-chaves para lembrar das coisas. O conteúdo de seu chip de memória é vasto e a cada dia é alimentado. Usa pouco celular. É mais fácil encontrá-lo através de seu motorista que falar diretamente com ele.

Política, amigos, família, a fé em Deus, bom humor, não necessariamente nesta ordem, definem Manoel de Brito, ex-deputado, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do RN, ex-secretário estadual. Aliás, passou por oito governos e privou da confiança de políticos que eram adversários entre si, mas ele sempre, com diplomacia, permaneceu amigo de todos eles.“Graças a Deus me dou bem com todo mundo. Sinto-me feliz. Considero-me um homem favorecido por Deus, um homem de fé, acredito na vida eterna, sou religioso. Certamente, isso tem me favorecido por Deus”, completa Manoel de Brito, pai de oito filhos.

Presidente da Liga de Ensino do Rio Grande do Norte, mantenedora da Escola Doméstica, do Colégio Henrique Castriciano e da Uni-RN, chegar aos 85 anos trabalhando, para ele, é uma dádiva. A vitalidade tem várias explicações: “Tenho bons vícios. A longevidade atribuo a Deus, em primeiro lugar”, revela. Diz ser muito obediente ao que os médicos prescrevem e, além de ter muito bom humor, mantém a cabeça ocupada permanentemente.“Vocês não eram nem nascidos quando eu participei do primeiro governo”, diz Manoel de Brito aos repórteres do NOVO JORNAL, no início da entrevista. O mergulho na vida pública propriamente dita foi há 60 anos.

Em 1953, ao completar 25 anos, foi chamado por um adversário político, o governador Sylvio Pedroza (PSD), para ser chefe do escritório de representação do Estado na capital federal, Rio Janeiro, onde Manoel de Brito estudava Direito e assessorava a bancada do Rio Grande do Norte no Senado e na Câmara Federal, indistintamente, a todos os partidos. Isso o obrigou a freqüentar todos os ministérios e descobrir os caminhos que levavam aos projetos e liberação de recursos. “Eu dei conhecimento a ele dos pleitos que existiam”, assinala. “Pra você ver como a política naquela época era cordata”.

O empresário Dinarte Mariz, que tinha um escritório de representação da Exportadora Dinarte Mariz, fraqueou uma sala para o Estado sem ônus. Ficou no cargo de 1953 a 1955. Ponta pé inicial para os oito governos nos quais participou ativamente: Sylvio Pizza Pedroza, Dinarte Mariz, Aluízio Alves, Monsenhor Walfredo Gurgel, Lavoisier Maia, José Agripino, Radir Pereira e Vivaldo Costa.

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