Bruno Barreto
Editor de Política
O Mosorroense
Esta semana, o deputado estadual Getúlio Rego (DEM) assumiu mais uma missão em sua longa carreira política: a de líder do governo na Assembleia Legislativa. Nesta entrevista ele fala das perspectivas em torno da nova missão e da questão política em Pau dos Ferros.
O Mossoroense: O senhor assumiu esta semana a função de líder do governo. O que podemos esperar de sua atuação nesse novo papel?
Getúlio Rego: Eu vou cumprir com dedicação e zelo toda a tarefa que me foi dada pela governadora Rosalba Ciarlini para exercitar a defesa do governo na Assembleia Legislativa. A minha experiência acumulada ao longo de sete mandatos, estamos agora no oitavo, vai ajudar. Vamos lutar para que os projetos encaminhados à Assembleia sejam aprovados. A governadora se elegeu de forma consagradora nas últimas eleições e no debate eleitoral ela enfatizou a sua determinação de priorizar setores da administração que a população vinha reclamando muito, principalmente saúde, educação e segurança pública. Essa tarefa passa por negociações e busca de consensos. É isso que vamos fazer. Quando dentro do governo termos discussões técnicas a respeito das matérias encaminhadas, vamos nos familiarizar com o pensamento e as propostas do governo para esclarecê-las para os demais parlamentares da Assembleia Legislativa. No campo administrativo buscarei ser um intérprete das soluções buscadas pelos parlamentares, tanto para aqueles que fazem parte da bancada de sustentação do governo, mas também daqueles da oposição. Isso eu conversei com a governadora na hora que ela me convidou. Demonstrei a nossa disposição de tratar os parlamentares sem processo de discriminação, que, infelizmente, acontece em muitos governos.
OM: Desde que começou o governo de Rosalba se esperava que o senhor ou o deputado José Dias fosse o líder do governo, mas essa definição demorou muito. A que o senhor atribui essa demora?
GR: A governadora iniciou o governo dentro de uma dificuldade muito grande por conta das desordens financeiras. Havia compromissos quase inalcançáveis de honrar. Essa tarefa inicial foi muito penosa. A Assembleia só discutiu matérias do governo ontem (a entrevista foi gravada na quinta-feira), quando de forma consensual todos os 24 deputados votaram favoravelmente ao fundo garantidor usando os royalties do petróleo. Isso mostra que a demora da escolha do líder do governo não teve qualquer prejuízo operacional na Assembleia Legislativa, já que a produção legislativa vai começar na próxima semana, quando serão definidas as comissões técnicas. A coisa mais importante que o governo precisou foi esse projeto do fundo garantidor. A governadora, numa demonstração de apreço ao Poder Legislativo, pediu pessoalmente a abertura de uma sessão extraordinária para votar esse projeto. Foi realizada uma audiência pública com presença recorde de parlamentares para tratar dessa questão. A oposição ainda tinha dúvidas sobre a dimensão financeira dessa empreitada. Tudo foi feito da forma mais solícita e atenciosa com as colocações dos deputados de oposição e no final todos votaram favoravelmente. Portanto, não houve, por esse atraso, qualquer prejuízo, porque a Assembleia reabriu no dia 15, e as reuniões ordinárias e as articulações e entendimentos para as comissões só vão se coroar na próxima semana.
OM: Como ficou a sua relação com o deputado José Dias, que estava disposto a ser líder do governo?
GR: Gostaria de externar a minha admiração pelo deputado José Dias, pelo trabalho que ele exerce como parlamentar. É um deputado preparado, esforçado, fiel, leal e foi um grande colaborador para a vitória da governadora Rosalba em 3 de outubro. Ele merecia com toda a segurança a função porque é um homem preparado.
OM: O senhor é apontado como um conhecedor do Regimento Interno, assim como o provável líder da oposição Fernando Mineiro. Como o senhor espera esses debates?
GR: O deputado Fernando Mineiro é um parlamentar atuante. Tem a sua ideologia. Será um bom combate. Tenho grande respeito pelo deputado Fernando Mineiro. Eu penso que a recíproca é verdadeira porque nos damos muito bem na Assembleia em que pese os debates acalorados que acontecem vez por outra. Ele não será um parlamentar que colocará dificuldades nas iniciativas governamentais por ser maduro e preparado. Esse debate poderá apimentar as discussões na Assembleia, sem jamais fugir da civilidade.
OM: Logo que Rosalba foi eleita houve uma expectativa de que antes da posse ela já estivesse com maioria. Isso não aconteceu. O que está faltando para essa tradição se cumprir?
GR: Eu acredito que isso acontecerá brevemente. É porque esse trabalho não foi iniciado ainda, mas na convivência da Assembleia a gente já sente a disposição de parlamentares da oposição em colaborar com os atos do governo. É questão de dias para esse processo se iniciar. O governo começou com muitas dificuldades. Será preciso se pensar na abertura de espaços administrativos. Isso faz parte do processo administrativo. Acredito que logo isso acontecerá.
OM: Depois que o senador José Agripino assumiu o comando nacional do DEM, passou a se especular a saída dele do comando estadual da sigla. O senhor defende algum nome para assumir esse cargo ou entende que deva haver uma continuidade de Agripino acumulando funções?
GR: O senador José Agripino pode acumular as funções de presidente nacional e estadual. Eu acho que isso também reforça a sua atuação como líder partidário. Isso não é incompatível. É possível do ponto de vista legal. A continuidade dele na presidência do partido no Rio Grande do Norte é um instrumento de segurança para a coordenação de nosso partido no Estado.
OM: Muito se falou a respeito de uma tensão pela disputa de cargos no Alto Oeste. O senhor está satisfeito com os espaços ocupados pelo seu grupo?
GR: Olhe. Nós nunca fizemos política na base da barganha. As nossas sucessivas vitórias para a Assembleia Legislativa foram sempre a reboque de trabalho e dedicação. Nós nos elegemos oito vezes, sendo seis como deputado de oposição. Isso demonstra muito bem que esse (cargos) não é o combustível utilizado nas minhas campanhas. Lógico que o espaço político é uma coisa legítima, porque quando o povo elege, espera que aquele procurador possa exercitar uma função de levar propostas para a comunidade e a ocupação de cargos no governo para nós que fazemos política, eu e meu filho Leonardo, que é prefeito de Pau dos Ferros, sem nunca utilizar cargos e poder, não é uma forma de promoção pessoal ou familiar. Pensamos no conjunto da sociedade e é com esse objetivo que queremos que a nossa densidade eleitoral tenha a resposta do governo e isso acontecerá normalmente sem pressa ou sofreguidão, porque nós temos bastante confiança no governo Rosalba Ciarlini.
OM: Como está a relação entre o senhor e o deputado Raimundo Fernandes?
RG: Sempre me dei muito bem com Raimundo. A gente sempre concorreu na região sem atritos. Respeitamos sempre o espaço de cada um. Ele busca os apoios dele. Os meus apoios são mais de vinculação popular. O deputado Raimundo tem uma característica: ele busca sempre o apoio de lideranças. As lideranças, para mim, são muito importantes e significativas, mas eu nunca perdia a identidade com a população e foi em cima disso que na última eleição nós recebemos uma votação consagradora, acima de nossas expectativas. O instrumento de nossa luta é trabalho, trabalho e trabalho. Vamos esperar o momento certo para o governo estabelecer critérios para a distribuição de espaços do poder. Eu digo com toda tranquilidade que o que nos move na ocupação de espaços no governo é buscar a melhoria da qualidade dos serviços prestados à população e nunca pensando em promoção pessoal ou grupal.
OM: Falando um pouco da política de Pau dos Ferros. Sempre se comenta da secretária Emília e do vice-prefeito e secretário de Saúde Fabrício Torquato como possíveis candidatos da base governista para suceder seu filho Leonardo Rego. Qual dos dois conta com maior simpatia em seu grupo?
GR: A secretária Emília é uma executiva. Ela faz um excelente trabalho em prol da população de Pau dos Ferros. Tem sido uma auxiliar dedicada. É uma pessoa competente e séria, mas eu nunca ouvi dizer da parte dela qualquer manifestação de desejo de disputar uma eleição. Isso é intriga daqueles que foram derrotados nas urnas e tentam criar desavenças na nossa família política. Nós não somos caciques. Somos parceiros. O secretário da Saúde Fabrício Torquato é um jovem sério, decente, competente e está fazendo um excelente trabalho. Seu nome não está sendo objeto da vontade de Getúlio ou de Leonardo. Ele está sendo aplaudido pela população. Esse é um processo que vai acontecer na hora certa. Com certeza, a nossa família política em Pau dos Ferros sairá unida, para mais uma vez colocar à disposição do povo daquela importante cidade do Oeste um nome para continuar um trabalho sem os vícios e as malandragens do passado. Nós queremos Pau dos Ferros avançando cada vez mais e melhorar a autoestima de seu povo. É isso que está ocorrendo e é isso que o povo referendou em 3 de outubro.
OM: Muito se comenta que o senhor deixará a política em 2014, abrindo espaço para o seu filho Leonardo Rego ser candidato a deputado estadual. Procede?
GR: Olha... Leonardo é um menino que se revelou pela atitude que tomou de dedicar a sua juventude à vida pública. Ele começou trabalhando comigo na Assembleia, prestando um serviço inestimável na organização das ações de campo do gabinete. Em fevereiro de 2004, ele foi para Pau dos Ferros pensando em ser candidato a vereador. Terminou sendo candidato a prefeito, sendo eleito e reeleito. Quem conhecia Pau dos Ferros antes, sempre se surpreende com a melhoria da administração, das condições logísticas da cidade, da saúde, educação, obras de infraestrutura e, acima de tudo, a organização, a disciplina, a seriedade e o zelo pelo bem público. Mesmo sendo jovem, ele deu uma contribuição inestimável para Pau dos Ferros crescer de forma sustentável. Sem a distribuição de esmolas, sem mercantilismo do voto e esperando do povo aquilo que nós estamos recebendo muito mais do esperávamos. O aplauso, o carinho, a solidariedade e aprovação nas urnas. Eu acho que Leonardo está preparado para qualquer cargo aqui no Rio Grande do Norte. Se isso vier a acontecer, será respeitando a vontade popular. É esse o pensamento que nós temos. Do ponto de vista pessoal, digo que sou parlamentar há 28 anos, mas não me sinto velho, não. Ainda tenho muita garra e disposição para o trabalho. Não sei se vou deixar a política. Posso até deixar de ser candidato, mas a política não deixarei, porque a política eu faço com vocação. Vou continuar nela mesmo quando não exercer um mandato eletivo. Estarei sempre servindo ao povo de todo o Oeste do Rio Grande do Norte, de todo o Estado e, com certeza, serei um parceiro permanente da coisa pública na nossa região.
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